Com quase duas décadas dedicadas ao esporte profissional, Maurren Higa Maggi nasceu no interior de São Paulo, em São Carlos. Filha de Rute e William Maggi, seu nome diferenciado se deu por um equívoco no cartório de registro. Seu pai, fã incondicional dos Beatles, decidira homenagear a banda colocando mesmo nome da mulher de Ringo Starr: Maureen Cox, porém, o equívoco se fez valer um nome único, o qual entraria para a história do esporte brasileiro por um glorioso centímetro. 

Atleta desde muito pequena, Maurren iniciou sua jornada nos esportes a partir dos sete anos. Praticava de tudo um pouco; natação, xadrez, voleibol, ginástica, mas encontrou no atletismo, já na adolescência, um esporte para se profissionalizar. 

Em meio a competições de atletismo no interior, Maurren, aos 17 anos, seria convidada por Nélio Moura e sua esposa Tânia a participar de um projeto na capital do estado, em São Paulo, o “Futuro do Ibirapuera”, para viver e desenvolver seu dom no esporte. 

Já no primeiro ano na metrópole, foi campeã brasileira e sul-americana do salto em distância, ganhando, também, o sul-americano dos 100 metros com barreiras. 

 

Maurren Maggi, ainda adolescente, fazendo um aquecimento pré-treino.

Maurren Maggi, ainda adolescente, fazendo um aquecimento pré-treino.

 

VISIBILIDADE 

A partir de 1999 ela ganharia muita notoriedade ao saltar 7,26m na Colômbia, no Campeonato Sul-americano de Atletismo em Bogotá, a melhor marca do mundo naquele momento. Logo depois, com a conquista do ouro nos Jogos Pan-americanos de Winnipeg, sua imagem passou a ser ainda mais valorizada, inclusive considerada uma das favoritas para os Jogos Olímpicos do ano seguinte, em Sydney. 

Porém, ainda nas eliminatórias, Maurren sofreu muito com as contusões e não chegou perto de uma medalha nos Jogos Olímpicos de 2000. 

 

DOPING 

Três anos depois da frustração de Sydney, Maurren Maggi foi acusada de doping após um exame de urina feito no Troféu Brasil de Atletismo. A substância clostebol encontrada em seu organismo é a primeira na lista de proibições da Associação Internacional de Federações de Atletismo (IAAF). 

Mas, mesmo não sabendo da presença da substância no creme cicatrizante aplicado na virilha após uma sessão de depilação definitiva e posteriormente ao teste e anexação de prova de defesa efetuado pela jornalista Luciana Ackermann, do jornal Diário de São Paulo, a qual se submeteu ao mesmo processo de depilação e aplicação do creme, constatando em exame a presença de clostebol na jornalista, a IAAF não aceitou as provas e baniu a atleta por dois anos. 

Maurren ficou de fora das Olimpíadas na Grécia, em 2004, e só voltou a competir em 2006, após o nascimento da filha Sophia e separação de um casamento conturbado. 

 

Maurren em ação no salto em distância.

Maurren em ação no salto em distância.

 

VOLTA ÀS PISTAS 

Ainda desacostumada com a rotina de atleta que outrora fora, a volta às pistas foi gradual, respeitando sua mente e corpo. Em 2007, no Pan-Americano, apresentou uma consistência maior e levou o ouro para casa. Mas, a maior conquista de sua carreira viria um ano depois. 

 

PEQUIM E A GLÓRIA OLÍMPICA POR CENTÍMETRO 

Em sua segunda participação em Jogos Olímpicos, aos 32 anos, Maurren disputou com a russa Lebedeva até o último salto na caixa de areia. Já com a melhor marca de 7,04 metros da brasileira, a pressão em cima da russa aumentou de maneira substancial. 

O centímetro da glória, em Pequim.

O centímetro da glória, em Pequim.

 

Em um de seus últimos saltos, porém, Lebedeva assustava a todos com um salto perfeito e acima dos sete metros. Mas, por um centímetro após o placar eletrônico indicar a distância, Maurren Maggi se tornaria a primeira mulher brasileira campeã olímpica individualmente e o primeiro atleta brasileiro a conquistar o ouro no atletismo desde Joaquim Cruz, nos Jogos Olímpicos de Los Angeles de 1984.