Sabemos que hoje no Fluminense o pó de arroz é usado pela torcida. Várias vezes já vimos o Maracanã lotado de tricolores comemorando e fazendo a festa com o pó branco, o que inclusive deixa o estádio muito bonito. Mas e a história disso, conhecem? Essa é mais uma história pouco contada
O que é pouco contado?
O que poucas vezes é contado é que o símbolo da torcida do Flu vem de um caso que envolve o racismo.
Em 1914, o América do Rio de Janeiro vivia grave crise financeira. Com isso, perdeu quase todos os seus jogadores. 12 deles foram para o Fluminense. Um deles era Carlos Alberto Fonseca Neto, negro.
Como vemos diariamente, infelizmente vivemos em um país em que o racismo ainda é uma realidade. Imaginem em 1914, apenas 25 anos depois da abolição? Era ainda mais forte. Ainda não eram aceitos jogadores de futebol negros nos grandes clubes, especialmente em clubes ligados à elite, aos mais ricos, como era o caso do tricolor.
No Fluminense o pó de arroz foi resinificado
Como era muito bom jogador, Carlos Alberto já usava o pó de arroz nos braços e no rosto para esconder a pele negra. No Fluminense, isso se tornou obrigatório.
Em um jogo de muito calor, a torcida do América, triste por ter perdido o jogador e buscando provocá-lo, percebeu o pó saindo com o suor e começou a chamar o jogador de “pó de arroz”.
A torcida do Fluminense, anos depois, transformou esse ato racista em uma homenagem e passou a ter o pó branco como um dos símbolos da torcida, jogando ele para o alto em momentos de comemoração.É uma ressignificação importante: transformar algo que liga os primórdios do clube ao racismo em algo que simboliza a alegria.
Passaram-se 100 anos e continuamos vendo atos racistas nos campos de futebol, uma das maiores vergonhas do nosso querido esporte.