O Histórias Pouco Contadas de hoje volta para a década de 1930. Nela, Leônidas da Silva reinou no futebol brasileiro. O craque surgiu no São Cristóvão e no Bonsucesso já revolucionou o futebol carioca.
Depois de 55 gols em 50 jogos lá, foi para o Peñarol, no que foi uma das primeiras transferências de jogadores do Brasil para o exterior, depois de Innocente e Amilcar Barbuy.
Voltou ao Brasil para jogar no Vasco da Gama e no Botafogo, sempre com muitos gols. Em 1934, fez o único gol do Brasil na Copa do Mundo.
Até que chegou ao Flamengo em 1936. Ali tudo mudou. Em 4 anos no clube rubronegro, Leônidas fez 153 gols em 149 jogos. Média de mais de um por jogo. O cara fazia gol de tudo que é jeito.
Inclusive, criou um novo modo de fazer gols: a bicicleta. Invenção dele.
Leônidas, o Diamante Negro
Nossa história de hoje aconteceu em 1938. A Copa do Mundo desse ano foi jogada na França; Leônidas era o grande nome da seleção brasileira.
E ele fez valer sua fama: jogou muita bola. Logo no primeiro jogo, um dos mais loucos da história das Copas, Leônidas fez 3 gols no Brasil 6-5 Polônia. E foi fazendo gol em todos os jogos, até a eliminação do Brasil pela Itália, que seria a campeã, na semifinal.
Leônidas foi o artilheiro com 7 gols e foi escolhido o melhor jogador daquela Copa. Maravilhado com seu futebol, o jornalista francês Raymond Thourmagem criou seu apelido: o Diamante Negro. Os jornais brasileiros traduziram e o apelido pegou em terras tupiniquins.
Pois bem, ainda estávamos no início da ciência do marketing e da propaganda, mas a Lacta foi uma das pioneiras nessa área.
Ainda em 1938, detectou o poder que o futebol tinha e teria na sociedade e previu Leônidas como o primeiro grande ídolo do futebol nacional. E se aproveitou disso: decidiu que o seu “Chocolate ao Leite com Crocante” deveria se chamar Diamante Negro.
A participação da Lacta
A diretoria da empresa não sabia nem quanto deveria oferecer ao jogador pelo direito de imagem. Acabou oferecendo 2 contos de réis, o que, na conversão do historiador Laurentino Gomes, hoje seria algo como 250 mil reais. Além disso, Leônidas teria participação nas vendas.
A campanha foi, claro, um sucesso. No contexto do futebol, estava criada a primeira grande campanha de marketing esportivo da história do nosso país. E estava criada também a barra de chocolate de maior sucesso e mais vendida do Brasil.
Só quem não ficou muito feliz é dona Albertina dos Santos, a viúva de Leônidas, que disse, em 2013, que não recebia nada da empresa, nem mesmo uns chocolates.
Leônidas se foi em 2004, mas a história, o legado e a barra de chocolate em sua homenagem ficaram.