Na seção ‘Clubes e Política‘ de hoje, temos o Hansa Rostock, clube alemão que já foi presença constante na Bundesliga, mas que hoje está na 3º Liga, a terceira divisão alemã. Sua última passagem na elite foi na temporada 07-08.
Apesar de ser um clube originário da Alemanha Oriental, ou seja, a parte comunista alemã antes da queda do muro de Berlim, o Hansa Rostock pode ser definido como um representante de ideias mais à direita no espectro político, até mesmo de extrema-direita em algumas questões.

Origens do Hansa Rostock

Fundado em 1965 como resultado da separação de outro clube, o SC Empor, o Hansa foi levado à cidade de Rostock por um empresário. Na Alemanha comunista, os clubes eram financiados pelo governo. Sendo de uma cidade interiorana, os torcedores do Hansa já cultivavam alguma desconfiança do governo e do regime comunista, e um fator que fez esse sentimento crescer ainda mais foi a sensação de que o governo central estava investindo mais dinheiro nos seus rivais da capital Berlim.
Foram registradas, inclusive, participações da torcida oficial do Hansa em manifestações pró-unificação da Alemanha.
Para despertar ainda mais esse sentimento anticomunista, a época da unificação alemã e da queda do Muro de Berlim foram tempos especiais para o Hansa. Foi no ano de 1991, último ano das competições da Alemanha Oriental, que o Hansa venceu seus dois únicos títulos de elite: o campeonato da Alemanha Oriental e a Taça da Alemanha Oriental. Com isso, conseguiu acesso à Bundesliga, o primeiro campeonato da Alemanha unificada.

Torcida do Hansa Rostock

Torcida do Hansa Rostock
Reprodução: Internet

Queda do muro e a culpa do comunismo

Mas a queda do muro trouxe também, para a antiga parte oriental alemã, descontentamentos e a visão da desigualdade extrema. Elegendo como culpado o tempo de regime comunista, as torcidas organizadas do Hansa – os ultras – se tornaram uma organização agressiva, de forte militância anticomunista. O extremismo trouxe consigo o nacionalismo exacerbado, e o estádio do Hansa acabou sediando infelizes manifestações contra a entrada de imigrantes na Alemanha. Com isso, apareceu também o racismo.

Esse posicionamento criou também o chamado ‘Derby do Medo’, contra o St. Pauli, de Hamburgo, que carrega em si ideias e posicionamentos fortes de esquerda. Em 2011, em um desses clássicos que definiria sua permanência na segunda divisão, o Hansa perdeu em casa para o rival por 3-1 e a torcida atirou bananas em campo, na direção dos jogadores negros do St. Pauli. O clube também foi punido pela liga em 2013, por manifestações racistas contra jogadores do Schalke.

Hoje o time está em má fase, mas o posicionamento dos ultras se mantém agressivo. Por isso, é ainda uma das torcidas mais temidas da Alemanha e da Europa.