Chegou a parte 3 da nossa  série que fala sobre os balanços dos clubes brasileiros. Não somos especializados no assunto, somos torcedores e curiosos, mas trazemos números e análises de quem entende do assunto.

A fonte é o podcast Dinheiro em Jogo, do excelente Rodrigo Capelo. (@rodrigocapelo)

Depois de Minas Gerais e dos clubes do Nordeste, hoje iremos para o sul do país, para aquela que para muitos é  a maior rivalidade brasileira, Internacional e Grêmio.

Importante dizer que aqui não há nenhuma preferência por A ou B, portanto, se você torcedor ficar chateado com números de balanços peço que não coloque a culpa em nós, rs! Cada um de nós temos nossos times e nem tudo que vemos nos agrada!

Internacional

Com a gestão de Marcelo Medeiros desde a série B, o clube alcançou dois vices campeonatos (Copa BR e  BR). Quando falamos que ser vice tem um gosto horrível esportivamente, economicamente não é bem assim.

Barcellos

Com a saída de Medeiros, chegou Alessandro Barcellos, e o novo presidente já veio com  tom polêmico em sua entrevista. – “Em 2019, o Inter teve o terceiro maior faturamento do país, ficando pela primeira vez na frente de Corinthians e São Paulo. Essa próxima gestão pode dar uma contribuição nesse aspecto.” Porém, segundo o blog do Capello, essa é uma afirmação não verdadeira, pois além de não ser a primeira vez que o Inter tem melhor  os clubes de SP, o terceiro maior faturamento do país foi do Grêmio.

Pela primeira vez em 20 anos, o Inter registrou mais que o dobro de dívidas do que arrecadação.

Dívidas

Para se ter uma ideia, o Inter tinha 313MM de endividamento e 287 MM de faturamento em 2016; já em 2019 o faturamento mais que duplicou e chegou a 414 MM, porém o endividamento não chegou a duplicar, mas manteve um crescimento corrente e chegou a 509 MM de endividamento.

Mas em 2020, o a coisa piorou a dívida chegou a 595 MM e o faturamento caiu para 274 MM. Podemos atrelar essa curva a muitas coisas, inclusive a pandemia, mas de fato, não é o melhor cenário de um clube do tamanho do Inter.

É preciso lembrar que assim como outros clubes o colorado tem mais receitas a contabilizar, uma vez que as receitas não entraram por completo no balanço no ano de 2020, isso porque os campeonatos terminaram em 2021. Mas, estamos analisando todos os clubes com esse mesmo panorama.

Um ponto positivo do colorado, é seu modelo de socio torcedor, pois esse é responsável por 66 MM arrecadados, números tão expressivos que são vezes maiores que de torcidas mais numerosas como São Paulo e Corinthians.

Porém, quando olhamos como um todo, a diretoria previu uma arrecadação de R$ 368 milhões em receita para 2020., teve apenas R$ 274 milhões + R$ 28 milhões (adiados para 2021), porém há um buraco considerável.

Claramente, a pandemia atrapalhou nessa arrecadação, principalmente quando o assunto é bilheteria, mas essa não pode ser uma desculpa para os diretores do Internacional. Pois mesmo com o bom desempenho esportivo e com isso uma arrecadação alta, a projeção parece ter sido otimista demais, vamos dizer assim.

O Amanhã do Internacional

Segundo análise do Capelo, que obviamente faço eco, a estratégia do ex-presidente Marcelo, parece ter sido equivocada (se assim podemos opinar), isso porque após a queda o Inter gastou ainda mais e acabou subindo para a primeira divisão no segundo lugar.

De fato, esportivamente o clube chegou bem próximo a algo, porém as dívidas não foram equacionadas. Barcellos tem a chance de fazer diferente nos próximos 3 anos, porém o mesmo foi vice-presidente de finanças e também de futebol na gestão Medeiros.

Que o Inter se fortaleça cada vez mais fora de campo, porque dentro nunca deixará de ser gigante!

Gremio

Há anos, um dos clubes brasileiros (poucos) que estão se organizando cada vez mais fora de campo, mesmo assim Romildo Bolzan começa a ser criticado por alguns pela falta de título na parte azul do Rio Grande.

Mesmo com a pandemia as dívidas gremistas continuam caindo e seu faturamento em 2020 é maior do que em 2018, apensar de menor do que em 2019, por motivos mais que óbvios. As curvas de endividamento e faturamento se alteram em 2017 cada vez mais distantes uma da outra.

Novamente, assim como falamos no Inter e para os outros clubes dessa coluna, o balanço de 2020, foi” cortado” a parte desse balanço vai para 2021, o Grêmio tem cerca de R$ 54 MM arrecadados para o balanço de 2021

“Um fato curioso, nas últimas décadas, o Grêmio nunca esteve entre os maiores faturamentos do país com direitos de transmissão. Tanto no Clube dos 13, quanto nas negociações individuais com a Globo, a maior verba pertencia a Corinthians e Flamengo. Por causa de mudanças no modelo, hoje o Grêmio fatura mais do que o Corinthians” Blog do Capelo

 

A Estratégia Gremista

Assim como o rival Internacional, o Grêmio também tem muita força de arrecadação por parte de sua torcida com R$ 70 MM, e claro, as vendas de jogadores nos últimos anos é algo que não dá para passar desapercebido, o tricolor gaúcho tem sempre uma grande venda por ano e em 2020, foi a de Cebolinha e Pepe entrará no balanço de 2021.

Ao contrario do rival, que tem uma projeção mais otimista, o Grêmio é mais conservador em suas estimativas orçamentárias; por isso, o esperado era R$342 MM em receita, porém o clube fez R$ 405 MM.

Até por isso, me parece que a estratégia gremista para 2021 foi diferente, e o clube gastou mais com nomes como Douglas Costa e Rafinha, porém esportivamente o clube esta em um momento estremecido, mas muito cedo para tirar qualquer conclusão.

O Amanhã do Gremio

Sob ponto de vista de gestão Romildo Bolzan faz muito bem ao Grêmio, e ano pós ano, além de diminuir as dividas do clube, investe cada vez mais no clube, tanto em compra de jogadores, quanto na base.

O investimento em atletas, subiu de R$ 34 MM em 2016 para R$ 48 MM em 2020, já na base o investimento quintuplicou, de R$ 4 MM em 2016 para R$ 20 MM em 2020.

Com todos os elogios e ressalvas supracitados, Romildo e Grêmio podem mais quando o assunto é montagem de elenco para deixar de lado esse apelido de “campeão de balanço”, isso para brigar com os dois clubes que vem conquistando títulos nos últimos anos no Brasil.