Chegou a parte 5 da nossa série que fala sobre os balanços dos clubes brasileiros. Não somos especializados no assunto, somos torcedores e curiosos, mas trazemos números e análises de quem entende do assunto.
A fonte é o podcast Dinheiro em Jogo, do excelente Rodrigo Capelo. (@rodrigocapelo)
Hoje iniciaremos o Rio de Janeiro com Botafogo e Vasco.
Importante dizer que aqui não há nenhuma preferência por A ou B, portanto, se você torcedor ficar chateado com números de balanços peço que não coloque a culpa em nós, rs! Cada um de nós temos nossos times e nem tudo que vemos nos agrada! Para ver o ep 4, clique aqui
BOTAFOGO
Em 2018, Nelson Mufarrej eleito com 74% dos votos, falou sobre responsabilidade fiscal, rigidez no controle das finanças e recuperação esportiva.
“Não tenho dúvida alguma de que a minha vitória e do meu vice, Carlos Eduardo, é fruto de uma proposta vencedora quando a maioria dos botafoguenses reconheceu termos tirado o Botafogo de um lugar que não merecia ter estado: a segunda divisão” – disse o presidente.
Mufarrej não é dos presidentes mais presentes que um clube pode ter, e por isso era comum outros nomes serem mais falados no Botafogo, como do vice presidente de marketing que contratou jogadores renomados do futebol internacional (Honda e Kalou), prometendo assim até as primeiras posições no Brasileirão e Montenegro, que não tinha papas na língua e dava entrevistas polemicas para todos os portais, portanto, quem não era torcedor do time ou algum estudioso da área, não sabia quem efetivamente mandava no clube.
Momento Atual
Longe de ser o mensageiro do apocalipse, mas, sabemos que a crise financeira do time da estrela solitária não vem de hoje, mas ultimamente piorou muito. Por exemplo, em qualquer aula de economia básica sabemos que o peso do dinheiro de 2010 não é o mesmo que o de hoje, certo? Por n fatores. Pois bem, mesmo com esse atenuante, o Botafogo irá arrecadar em 2021, menos do que em 2012.
Em contrapartida, as dívidas aumentam ano a ano, com exceção e 2017, onde a curva deu uma leve caída, mas voltou a subir em 2018.
Time sem investimento tende a ter resultado mais tímido? Normalmente sim, mas e quando o time é caro e o resultado é péssimo? Combinação horrorosa né?!
Pois bem, com o baixo rendimento em campo, as coisas pelo lado de General Severiano degringolaram, os direitos de tv caíram, porque no campeonato nacional, 30% do faturamento é dividido entre os clubes a partir de sua posição na tabela, com exceção feita a quem é rebaixado que não recebe nada.
Fora o motivo que todos os clubes passaram, a falta de receita por bilheteria por conta da pandemia, o ponto positivo é que o sócio torcedor não teve tanta diferença com em outros clubes.
Infelizmente, em 2021 essa queda tende a piorar, pois no passado, os integrantes do Clube dos 13 ou aqueles com quem a Globo firmou contratos longos chegavam à Série B e mantinham metade ou toda a cota de televisão. Mas não é mais assim, e o Botafogo receberá apenas sua cota do pay-per-view.
Olhando para o departamento comercial e de marketing, o clube fez menos de R$ 8 milhões em 2020 com patrocínios e licenciamentos, o clube já chegou no patamar de R$ 25 milhões em outras temporadas, mais um ponto preocupante.
A venda de Luís Henrique para o Olympique de Marselha por R$ 42MM, fez o clube carioca salvar um pouco de seu orçamento.
Futuro
Dirigentes e torcida passaram a temporada de 2020 ansiosos pela abertura de uma empresa, a Botafogo S/A, que teoricamente acabaria com a prolongada crise financeira. Esse dinheiro seria captado com investidores e usado para pagar dívidas e fazer investimentos no futebol.
Porém, os responsáveis pelo projeto, capitaneados por Laércio Paiva, não conseguiram chegar ao investimento inicial e no por primeiro momento atrapalhou o “sonho”, mas ainda há esperança.
Um novo projeto está em curso, só que agora quem toma a frente é Gustavo Magalhães, mas para o botafoguense que lê esse texto, é bom ficar com os dois pés atrás, pois as dívidas e o montante para investimento são maiores.
No mais, o Botafogo tem de voltar para a série A não apenas por que lá é o seu lugar, mas para não se afundar mais na falta de receita.
Volta, Fogão!!
VASCO DA GAMA
Em meio a uma conturbada eleição para presidente, o Vasco teve um 2020 que não é daqueles que o torcedor vascaíno esperava.
As dívidas do clube de São Januário são 4,5 maiores do que sua arrecadação. Inclusive, Campelo que dirigiu a entidade entre 2018 e 2020, chegou a esboçar uma reação em 2018, mas depois disso as coisas pioraram e muito.
Ao contrário dos demais clubes onde a receita vinculada à posição na tabela, que só foi confirmada em fevereiro, aparecerá no balanço referente à temporada seguinte (2021), O Vasco, assim como o Botafogo não contará com a premiação, pois foi rebaixado.
No carioca, o erro estratégico de Campello foi estar ao lado do Flamengo na disputa comercial contra a Globo. Assim, seu contrato com a emissora do mesmo estado foi rescindido, com um acordo para encerrar a ação judicial diante do perdão da dívida de R$ 15 milhões do clube. O dirigente então se viu obrigado a comprometer receitas futuras.
Impacto
Os problemas também chegaram a área comercial e de marketing, com a queda de patrocínios e licenciamentos, que chegou a R$ 22 Milhões, pouco para um clube que tem a quarta maior torcida do Brasil e que arrecada menos dinheiro do que no início da década de 2010, mesmo com a chegada de novos parceiros.
Assim como os demais clubes, o impacto na bilheteria por conta do Covid foi gigantesco, o cruzmaltino passou de R$ 16 milhões arrecadados com ingressos em 2019 para menos de R$ 3 milhões em 2020.
Importante lembrar que tanto o rebaixamento quanto os resultados ruins em 2021, com o meio da tabela na Série B, não vieram por acaso. O vascaíno vê em campo a materialização de uma crise antiga e interminável. Uma pena!
Por melhor que tenha sido o início da gestão de Alexandre Campello em 2018, a venda de Paulinho para o Bayer Leverkusen, com uma receita fora dos padrões, ajudou e muito, não querendo tirar o mérito do dirigente, mas é bom trazer os fatos.
Futuro
Atualmente a folha salarial do Vasco é menor de clubes com menor expressão nacional e mesmo assim, o clube não consegue manter os salários em dia
Mesmo diante disso, o elenco do Vasco mesmo com as reduções era capaz de manter na Série A, como também subir da série B, mas o Vasco gasta muito e parece gastar errado.
Assim como o rival de mesma cor de camisa, o time do Vasco precisa conseguir a promoção para a primeira divisão de qualquer forma, pois essa é a única maneira de elevar receitas e melhorar a capacidade de pagar dívidas o quanto antes.
Volte logo, Gigante da Colina!