Poderia ser uma história pouco contada.
Dia de Corinthians x Palmeiras (o mandante vem primeiro), e queremos contar uma história importantíssima e pouco falada pela grande mídia.
Para isso, é preciso voltar a 1945, ano que, segundo historiadores, aconteceu um dos desdobramentos mais marcantes do pós-guerra, o crescimento e a legalização dos partidos de esquerda. É preciso lembrar que nessa época vivíamos grandes ditaduras pelo mundo, como a de Stalin, Franco…
No Brasil, essas organizações de esquerda passaram a ter mais relevância no cenário nacional, inclusive nas eleições. Então o Partido Comunista do Brasil (PCB), criado em 25 de março de 1922, viu uma oportunidade de botar em prática seus pensamentos.
Tá, mas o que isso tem a ver com Corinthians e Palmeiras? Essa página é de política?
Não, quer dizer, também. Mas vamos lá!
O Jogo Vermelho
Com a intenção do PCB em participar com mais efetividade de pautas políticas e ter força em eleição, o então maior clássico paulista da época ajudou na arrecadação de verba em um amistoso no dia 13 de outubro de 1945, o chamado “Jogo Vermelho”.
E Por quê? Explico.
Fundado em abril de 1945, o Movimento Unificador dos Trabalhadores (MUT), tinha como objetivo juntar trabalhadores de diferentes categorias para representá-los nas suas reivindicações. Com isso, passa a organizar, iniciativas para arrecadar a verba necessária para o PCB.
De acordo com o Aldo Rebelo, autor do livro Palmeiras X Corinthians 1945 — O Jogo Vermelho (2010), a renda de 114.464 cruzeiros foi para o MUT, que financiou a campanha do partido.
Mas não pense que foi um clássico daqueles mais tranquilos por conta do propósito em comum, muito pelo contrário. O clima dentro de campo acompanhava o conturbado cenário político da época de redemocratização brasileiro.
A Partida
Tanto que a Gazeta Esportiva da época descreveu o primeiro tempo da partida como hostil, esse terminou com a vitória corintiana por 1 x 0, porém no segundo tempo o alviverde virou a partida e venceu o jogo por 3×1.
“O estádio lotado vibra com a disputa do clássico e pelo ambiente de liberdade daquele ano de 1945, que leva ao Pacaembu torcedores, operários, jornalistas, sindicalistas e comunistas, quase em confraternização pela chegada da democracia e das esperanças por ela criadas”.
O trecho descrito por Aldo, explica ainda que o contexto pode ter sido importante para o público simpatizar — mesmo que minimamente — com o comunismo: “No Brasil, naquele clima de redemocratização, acho que a opinião pública ficou comovida com o sofrimento de Luís Carlos Prestes quando sua mulher Olga Benário foi entregue aos nazistas pelo Estado Novo e assassinada em campo de concentração”.
Com o dinheiro arrecadado, Prestes foi eleito senador pelo Rio de Janeiro, além dele o PCB também conseguiu eleger 14 deputados federais pelo Brasil, entre eles Jorge Amado, Carlos Marighella, João Amazonas e Claudino Silva.
Porém em 7 de maio de 1947, o general Eurico Gaspar Dutra chegou ao poder e com isso o Tribunal Superior Eleitoral simplesmente cancelou o registro de Prestes. Oito meses depois, os mandatos foram cassados.
Fontes de Pesquisas: aventurasnahistoria.uol.com.br
Futebol Coruja