Hoje começaremos uma nova série que fala sobre os balanços dos clubes brasileiros. Não somos especializados no assunto, somos torcedores e curiosos, mas trazemos números e análises de quem entende do assunto.

A fonte é o podcast Dinheiro em Jogo, do excelente Rodrigo Capelo. (@rodrigocapelo)

Como disclaimer, esse é um podcast que aborda as finanças em geral dos clubes do Brasil e do mundo. Vale a pena conhecer, em qualquer aplicativo de música como spotify e deezer e no blog do @ge

Bom, assim como no podcast, vamos dividir nossas postagens por estados. O primeiro será Minas Gerais. Importante dizer que aqui não há nenhuma preferência por A ou B, portanto, se você torcedor ficar chateado com números de balanços peço que não coloque a culpa em nós, rs! Cada um de nós temos nossos times e nem tudo que vemos nos agrada!

Minas Gerais

Situação Financeira dos Clubes de Minas

 

América Mineiro

O América-MG tem interesses em se tornar clube-empresa – o que, na prática, significaria abrir uma empresa para administrar o futebol e atrair um parceiro que chegue com dinheiro para investir.

Sua situação financeira não é das mais confortáveis, porém, quando comparamos com outros clubes não é dos piores.

Quando comparam faturamento e endividamento, percebe-se dois movimentos constantes. Na arrecadação, a linha sobe e desce com a alternância entre primeira e segunda divisões. Na dívida, elas são acumuladas pouco a pouco todos os anos.

Com o sobe e desce de divisão do clube mineiro, não há como o clube se preparar para temporadas seguintes, para se ter uma ideia em 2020, na B o clube teve R$ 8 milhões brutos com direito de transmissão, já na A em 2021 a verba inicia com R$ 22 M e aumenta de acordo com as transmissões.
O problema disso é a inconstância, o tal do efeito sanfona, por isso a permanência do coelho na série A por anos seguidos é importantíssima.

Com a chegada na semifinal na Copa do Brasil em 2020, O América teve R$ 17 M em direito de transmissão  a mais do que esperava para o ano. Isso sem perder o controle sobre os gastos, inclusive, o custo com pessoal do futebol, o clube passou apenas um pouco do que havia projetado para o ano.

 

Atlético Mineiro

Como citado no podcast, o Galo aposta em uma reformulação inorgânica. Mas o que isso significa? O clube tem 3 investidores ou mecenas como podemos chamar; são os famosos 3 Rs (Rubens e Rafael Menin, donos do conglomerado que inclui a construtora MRV, o canal de notícias CNN Brasil e o banco Inter; Ricardo Guimarães, proprietário do BMG e Renato Salvado, cuja família comanda o hospital Mater Dei)

Apesar de esportivamente ser algo que pode trazer efetividade, o risco é grande. Fazendo um paralelo, com a reformulação orgânica a demora é maior, já a inorgânica o resultado pode vir em menos tempo.

Porém em meio a um investimento de alto risco desde o ano anterior com contratações badaladas, como Jorge Sampaoli, veio uma pandemia, o que atrapalhou e muito o Galo nesse primeiro momento. Hoje o Galo tem a maior dívida do Brasil, de 830 M em 2019, para 1,3 Bi em 2020.

O Galo esperava arrecadar em 2020 R$ 309 M, mas acabou arrecadando R$140M, sendo que o pagamento a curto prazo dessas dívidas é de 600M, ou seja, o Galo precisará renegociar dívidas, pois seu faturamento não chega a metade disso.

Por outro lado, há avanços inegáveis na administração atleticana. A implementação de um sistema de gestão como o SAP, que ajuda a controlar entradas e saídas de dinheiro, além de facilitar burocracias do dia a dia, é mais importante do que podemos imaginar. No entanto, é inegável também que o clube adotou uma estratégia muito agressiva. Enquanto outros clubes como Flamengo, Palmeiras, Grêmio, Bahia etc precisaram passar por um período de readequação para só então investir, o Atlético-MG partiu para o “tudo ou nada” antes de reestruturar as suas finanças.

Cruzeiro

Como é de conhecimento de muitos, o Cruzeiro esta no pior cenário de sua história também quando o assunto é dinheiro. O então presidente Gilvan de Pinho Tavares comprometeu as finanças do clube com receitas megalomaníacas.

Para se ter uma ideia, o endividamento do Cruzeiro em 2016 era de 355MM com um faturamento de 225MM, em 2020 o endividamento chega a 897 MM e o faturamento a 110MM, ou seja, OITO VEZES MAIS em dívida.

O clube celeste não publica orçamento planejado vs realizado, portanto ao contrário dos dois rivais de Minas, não temos esses números.

Mas o que podemos dizer é que a divida do Cruzeiro chega ao nível caótico, pois não para de aumentar, e mesmo que o clube não faça mais contratações de impacto como outrora e isso tenha diminuído consideravelmente sua filha salarial, a divida não para de aumentar e todo faturamento que entra vai direto para o caixa dos credores.

Segundo especialistas, o Cruzeiro precisa voltar a série A urgentemente para tentar se recuperar, como única possibilidade. Há quem diga também que o modelo de reconstrução orgânica aqui é quase que impossível, o jeito seria algo inorgânico. Mas, novamente, reformulações inorgânicas são muito arriscadas e difíceis de darem certo.

No ano de 2020, a raposa tinha uma folha salarial de 113MM e não conseguiu subir, para se ter uma ideia o clube que subiu que tinha maior folha salarial foi a Chape com R$37 MM.