Chegou a parte 4 da nossa série que fala sobre os balanços dos clubes brasileiros. Não somos especializados no assunto, somos torcedores e curiosos, mas trazemos números e análises de quem entende do assunto.
A fonte é o podcast Dinheiro em Jogo, do excelente Rodrigo Capelo. (@rodrigocapelo)
Hoje falaremos sobre o estado do Paraná, onde temos apenas o balanço de Athlético Paranaense e Coritiba.
Importante dizer que aqui não há nenhuma preferência por A ou B, portanto, se você torcedor ficar chateado com números de balanços peço que não coloque a culpa em nós, rs! Cada um de nós temos nossos times e nem tudo que vemos nos agrada!
Athlético Paranaense
Diferente dos demais clubes brasileiros, o rubro negro paranaense tem uma situação bastante favorável quando falamos sobre balanço.
Se não fosse o investimento em seu estádio, sua dívida seria zero. Os anos de 2019 e 2020 para os paranaenses foram muito positivos para o furacão, pois o título da Copa do Brasil e a venda de alguns jogadores por grandes quantias (Bruno Guimarães e Robson Bambu) trouxe uma tranquilidade que não se vê em terras tupiniquins.
No gráfico acima, vemos as linhas de Faturamento e Endividamento, porém é bom salientar que a dívida só é maior por conta da construção de sua arena e mesmo assim notamos que ela pouco oscila durante os anos, o que parece estar tudo sob controle. Fato também é que se não fosse a arena, a dívida seria zero.
Aliás, segundo o blog do Capelo, mesmo que o clube tenha seus compromissos para honrar, o Athlético é classificado com dívida zero, pois tem 130 MM disponíveis em caixa.
O único ponto de atenção para o clube é a Arena da Baixada, onde o clube e prefeitura discutem qual será a responsabilidade da obra que a prefeitura de Curitiba terá de arcar, além do governo paranaense que também pagará um terço; mas esse caso se arrasta desde a Copa de 2014.
Uma hora a bomba estourará, pois são R$ 490 MM no financiamento e com juros sob juros esse valor não para de subir, Portanto, enquanto a justiça não chega a uma conclusão fica essa virgula mal resolvida.
O Futuro
Em um país que se questiona o número de clubes grandes que brigam por títulos, é preciso repensar a força atual de alguns clubes (não me refiro a história), mas é preciso respeitar o Furacão e inclui-lo em suas análises.
Por fim, apesar de Celso Petraglia ser um dos presidentes menos diplomáticos e polêmicos do Brasil, inclusive com sua própria torcida, como quando disse a um torcedor que a “torcida não tinha direito a exigir nada” temos de dar a mão a palmatória pois o mesmo deixa o clube paranaense com uma estrutura financeira sólida, belisca títulos ano ou outro e vende jogadores como poucos, pois sempre se preocupou em investir em sua base.
Coritiba
O campeão brasileiro de 1984 está em maus lençóis. Acredito que não seja surpresa para o leitor do BP, pois o clube ultimamente vive grandes insucessos esportivos, então a área financeira também não teria como ser diferente.
Nos últimos cinco anos, não houve um sinal de alívio no endividamento do clube. O coxa branca (como é conhecido), perdeu nos direitos de transmissão com a mudança dessa receita.
Em 2019, um novo modelo foi adotado para a distribuição do dinheiro. A negociação de TV continuou individual, mas a divisão passou a obedecer a critérios pré-estabelecidos e variáveis. Por exemplo, quem cai para a segunda divisão não mantém mais a cota da primeira. Não há mais essa proteção com o sobe e desce tanto de divisão quanto de cotas. E isso, como dissemos anteriormente em outros capítulos da série, é um problema para planejamento.
O marketing alviverde, por exemplo, poderia ser melhor trabalhado no clube que ganha cerca de 12 MM por ano, ou seja, menos da metade do que o arquirrival rubro negro, mesmo com torcidas com suas similaridades de tamanho e estando na mesma cidade.
A venda de Yan Couto para o Manchester City chegou a R$ 43 MM arrecadados, diminuiu o rombo na receita do clube paranaense.
A situação do Coxa não é das piores financeiramente quando comparamos com outros clubes brasileiros, mas quando olhamos para âmbito esportivo, o campeão brasileiro perde cada vez mais terreno e isso se torna mais complicado quando seu vizinho e rival só cresce em estrutura e notoriedade no canário nacional.
O Coritiba é um patrimônio do futebol brasileiro, mas se não se erguer logo, estará cada vez mais distante de onde deveria estar.