Iniciado em 2016, e depois de muita negociação,o Brexit foi assinado e entrará em vigor à partir de 1º de janeiro, portanto a União Europeia começará o ano sem mais contar com a presença dos britânicos.

Olhando apenas para o futebol, teremos importantes mudanças, isso porque a Premier League, a Football League e a Federação Inglesa chegarem a um acordo para as novas regras de contratação de cidadãos europeus.

Em termos gerais, jogadores de Itália, Alemanha e Espanha, por exemplo, se tornaram estrangeiros na terra da rainha, antes esses tinham livre acesso na Premier League, porém a partir do início do ano, precisarão de uma licença de trabalho, assim como os sul-americanos, africanos, asiáticos etc.

Importante dizer que a maior preocupação da federação inglesa, era com o excesso de jogadores estrangeiros nos principais clubes de sua liga, “tirando” assim oportunidades de jovens talentos ingleses. E isso, na visão dos diretores, afastaria uma tão sonhada Copa do Mundo.

A Fifa, proíbe a contratação de jogadores menores de 18 anos para outro país, assim foram os casos de Vinicius Junior, Rodrygo, Coutinho, que precisaram aguardar a maior idade para rumar novos ares. Porém, quando esse jogador surge na Europa, ele tem livre mercado, para qualquer país dentro da união europeia, isso até o final de 2020.

No dia primeiro, a Inglaterra não poderá mais contratar jogadores dessa forma de outros países europeus. Como aconteceu com Fábregas e Bellerin no Arsenal; Eric Garcia no City, Piqué no United…).

As novas regras poderão atrapalhar mais clubes de menor expressão dentro da PL, pois os grandes clubes fazem parte de redes, como o Grupo City, o Chelsea, o Arsenal, o United e até mesmo Leicester e Watford, que tem parcerias com clubes pela Europa. Esses poderiam utilizar as famosas pontes. Porém, há um risco de perda de competitividade, ou os clubes menores precisarão também de parcerias do tipo.

Mesmo assim, até para gigantes, o cerco no mercado se aperta, pois os clubes terão limites de contratações para jovens entre 18 a 21 anos (3 por janela ou 6 na temporada)

Mas, não há preocupação para os grandes fãs do campeonato inglês, porque ao invés de restringir os estrangeiros, a FA deu um jeito de aumentar o nível de qualidade dos que farão parte da liga. Mas como?

Aqui chegamos ao novo sistema de pontos. Para jogar na Inglaterra, o jogador precisará receber um visto especial de trabalho, o GBE (Governing Body Endorsement). Essas regras serão menos rígidas do que as aplicadas a estrangeiros-não-europeus.

Como conhecimento de alguns, o visto de trabalho para não-europeus baseia-se em partidas pelas seleções dos seus países.  Já para estrangeiros europeu, tem mais opções para provar a qualidade do jogador, assim dando claras evidências de que aquele jogador mereça fazer parte da Premier.

Agora, serão 15 pontos para o jogador adquirir seu GBE, mas entre 10 e 14 pontos, o clube contratante, poderá apelar junto a federação, tendo que demonstrar condições excepcionais que impediram o jogador de alcançar os 15 pontos. E os critérios não serão exclusividade para  jogadores, mas também para treinadores e comissão. São três critérios:

 

– Partidas pela seleção principal ou da base (apenas futebol masculino)

– Qualidade do clube vendedor, com base em qual liga ele disputa, a posição na tabela e a progressão em competições continentais (nesse último apenas para futebol masculino)

– Minutos em campo pelo clube em competições nacionais e continentais

No final das contas, como dito acima, a qualidade do melhor campeonato de futebol não mudará tanto, os grandes e famosos jogadores não terão dificuldade para atingir esses 15 pontos, muito menos se esses fizerem parte do eixo de campeonatos mais famosos da Europa. A dificuldade mesmo será em, por exemplo, “achar” um Haaland e trazer para liga por um preço menor, ou até mesmo um Mahrez, hoje no City, não teria chegado ao Leicester, caso surgisse em 2021, pois jogava em um time de segunda divisão francesa (Le Havre), sem citar que o preço dos jogadores ingleses subirá vertiginosamente.

Mas, para os grandes diretores essa mudança no modo de contratar do mercado de transferências inglês será para um bem maior, conforme abaixo.

– Mark Bellingham, executivo-chefe da FA: “Apesar de haver diferentes perspectivas sobre como o Brexit deveria influenciar o futebol, este é mais um exemplo de como as autoridades do futebol podem trabalhar juntas de maneira eficiente pelo bem maior do esporte. Temos uma relação forte de trabalho com a Premier League e a EFL e vamos monitorar este novo acordo juntos para garantir que se desenvolverá para cumprir os nossos objetivos. Vamos discutir melhoras para o benefício mútuo dos clubes de futebol e do talento nacional deste país”.

 

– Richard Masters, executivo-chefe da Premier League: “A Premier League trabalhou com a FA para chegar a um acordo para assegurar que o Brexit não prejudique o sucesso da Premier League ou as perspectivas das seleções inglesas. Ficamos satisfeitos que o governo aprovou nosso plano para a janela de transferências de janeiro de 2021. Continuar a ser capaz de contratar os melhores jogadores fará com que a Premier League permaneça competitiva e atraente e a solução complementará nossa filosofia de desenvolvimento dos melhores talentos estrangeiros ao lado de jogadores formados em casa”.

 

– David Baldwin, executivo-chefe da EFL: “A EFL contribuiu para as discussões com nossos colegas do futebol, no momento em que o esporte se prepara para a saída do Reino Unido da União Europeia, e ajuda podermos oferecer esclarecimentos aos clubes da EFL com uma posição estabelecida nessa questão antes da janela de transferências de janeiro. O objetivo à EFL, ao longo do processo, foi assegurar que os nossos clubes tenham a oportunidade de contratar jogadores estrangeiros para melhorar a qualidade dos times, reconhecendo a necessidade de restrições, e vamos continuar avaliando a aplicação dessas regras e considerar as implicações de longo prazo”.

O Bola Parada, acredita que a falta de liberdade em contratar, e os “muros” sempre atrapalharão qualquer avanço. Olhando apenas de maneira esportiva, a Premiere parece elitizar ainda mais o futebol, mas vamos aguardar cenas dos próximos capítulos.

O que podemos dizer é que, a história está acontecendo diante de nossos olhos.

Referencia de texto: Bruno Bonsanti da Trivela