Hoje na seção “Clubes e Política” temos mais um representante não da direita no espectro político, mas do que podemos chamar de extrema direita: o Zenit, clube russo de São Petersburgo.
Na verdade, para ser justo, é uma característica muito mais de sua torcida do que do clube em si. Mas é uma imagem que acabou colando no azul da equipe.

Origens do Zenit

O Zenit tem, na verdade, uma origem stalinista. Surgiu em uma indústria siderúrgica da cidade que então se chamava Leningrado, durante a ditadura de Stalin na antiga União Soviética. O nome da usina, inclusive, era Joseph Stalin, e o primeiro nome da equipe foi Stalinets. Na segunda Guerra, muitos jogadores foram convocados e lutaram contra o exército de Hitler.

A reorganização do clube depois da dissolução da URSS acabou formando uma torcida vinculada a um espectro bem radical do conservadorismo. O jornal inglês “The Sun” já elegeu o Zenit como o clube mais racista do mundo. De fato, os torcedores radicais, que acabaram tendo muito influência na política do clube, são vinculados a uma posição de extrema direita, se dizendo, no manifesto oficial da torcida organizada, “defensores da tradição cultural da Rússia”. Isso serve para defender o discurso de não aceitar jogadores negros, homossexuais e até mesmo latino-americanos.
União Soviética

Os países que faziam parte da URSS
Fonte: Internet

Novos casos

Em 2006, no início da melhor fase do time, que venceria a Copa da UEFA e a Supercopa da Europa contra o fortíssimo Manchester United em 2008, ficaram famosas as manifestações racistas da torcida.
O técnico holandês Dick Advocaat, na época, chegou inclusive a dizer em entrevista que não pedia a contratação de jogadores negros, pois sabia que não seriam aceitos.

A UEFA ameaçou sanções e até mesmo expulsar o time de competições europeias, e com isso as manifestações diminuíram.

Na chegada do brasileiro Hulk ao time, alguns dos jogadores mais ligados ao Zenit não o aceitaram bem. Justificaram ser por conta do salário que ele ganhava, mas há quem diga que havia também um cunho racista. Outros casos aconteceram: Roberto Carlos, lateral brasileiro, quando jogava no Anzhi, também russo, sofreu insultos. O colombiano Wilmar Barrios, que chegou ao Zenit vindo do Boca Juniors, sofreu também com manifestações da torcida. E o último foi o brasileiro Malcom, ex-Corinthians: em seu primeiro jogo no Zenit, a torcida estendeu uma faixa com os dizeres “Obrigado, diretoria, pela manutenção da tradição russa”, claramente irônica em relação à presença do brasileiro.

Ainda há ocasiões, inclusive, em que se pode ver torcedores nas arquibancadas com máscaras que remetem à Ku Klux Klan.

Torcida Zenit

Torcidor do Zenti com mascara da Kux Klun Kan

 

Por tudo isso, o Zenit é ligado, no contexto europeu, a um espírito fascista e racista de extrema direita, e sua torcida não é bem-vinda em várias canchas em outros países.