Contamos aqui, na seção “Clubes e Política”, a história do Rayo Vallecano e sua ligação com o antifascismo. Pois a história pouco contada de hoje mostra como a torcida do Rayo demonstrou esse ativismo na prática. Vem comigo que te conto.

O contexto: Zozulya desmascarado

Sendo um clube declaradamente antifascista e antinazista, o Rayo recebeu, em 2017, uma contratação vinda do Dnipro, da Ucrânia: era o atacante Román Zozulya.
Logo se iniciou um movimento contra a contratação, pois algumas coisas bem desagradáveis da vida do ucraniano foram tornadas públicas. O cara tinha ligações claras com o movimento de extrema direita ucraniano, e tinha declaradamente apoiado o chamado “Exército popular” de seu país, que é uma milícia armada não oficial, formada em sua maioria por neonazistas. Até fotos dele fazendo a saudação nazi apareceram.

Arte feita pela torcida do Rayo contra a contratação de Zozulya
Fonte: Marca

Antifascismo Vallecano

Não tinha como a torcida do Rayo perdoar. Os Bukaneros, maior torcida organizada, pressionaram por vários dias seguidos e os dirigentes concordaram: desistiram da contratação.
Zozulya, que já estava na Espanha, acabou indo parar no Albacete, time do mesmo país. Eis que chega o dia, em 2019, em que o Albacete, com Zozulya em campo, enfrentaria o Rayo Vallecano no estádio de Vallecas.
A torcida não deu sossego. Várias faixas apareceram chamando Zozulya de nazista e dizendo que ele não era bem-vindo ali.

Faixa no treinamento do Rayo: “Vallecas não é lugar para nazis. Vá embora já”
Fonte: MaisFutebol

 

De repente, começaram os cantos:
“Zozulya, puto, es un nazi”, no ritmo de Bella Ciao; “Fora fascistas do campo de Vallecas”, entre outros.
Até que, no intervalo, com Zozulya visivelmente incomodado, o juiz Jose Antonio Lopez Toca encerrou a partida, com o respaldo da La Liga e da Real Federação Espanhola, com o argumento de que a honra e a integridade do jogador estavam em risco. Até punição aconteceu contra o clube vallecano.
Ora, quantos atos de racismo já vimos sem ter o jogo interrompido, não é?
Pois a injustiça não deixou os torcedores do Rayo chateados.
Ainda é contada com orgulho a história de que um nazista foi impedido de jogar no estádio de Vallecas. E, acima de tudo, ali é defendida a ideia de que chamar nazista de nazista não tem nada de errado.

Faixas com os dizeres: “Vallecas é liberdade, igualdade e solidariedade. Zozulya não é bem-vindo” Fonte: Marca.