A história pouco contada de hoje envolve o melhor jogador de futebol de todos os tempos. Mas o protagonismo é de Nildon Birro-Doido, o zagueiro que evitou o gol 1000.

Nildon, o xerife
Fonte: Blog “O Bahêa na História”

O contexto

A data era 16 de novembro de 1969. O Santos havia viajado para o Nordeste no dia 11. Faria 2 jogos pelo Robertão daquele ano, contra Santa Cruz e Bahia, e entre eles um amistoso contra o Botafogo-PB.
Pelé vivia a expectativa pelo seu milésimo gol. Até a data da viagem, a contagem era 996. Contra o Santa Cruz no Arruda, 4-0 Santos, 2 gols de Pelé. Faltavam 2. No amistoso contra o Botafogo, mais uma bola na rede do Rei: faltava um.
E chegou o ensolarado domingo do dia 16 na Fonte Nova. Tudo estava preparado. O presidente do Bahia, Osório Villas-Boas, proibiu o goleiro de dar entrevista, preparou um trio elétrico no Dique do Tororó com o cantor Wilson Simonal, comprou fogos de artifício, balões, mandou fazer placa de ouro para homenagear Pelé e contratou o caminhão no qual o Rei daria a volta olímpica.

Pelé, que quase fez o gol 1000 naquele dia.
Fonte: UOL

A expectativa era imensa: Osório achava que o fato daria muita visibilidade ao futebol baiano e marcaria para sempre a Fonte Nova. Virou seu mantra: “Que o Bahia ganhe, mas com gol do Pelé”.

Até Arnaldo Cezar Coelho, hoje comentarista, que foi o juiz da partida, teve rotina diferente: precisou inspecionar o campo no dia anterior, pois no dia do jogo, de manhã, haveria ensaio da festa do milésimo.
A Fonte Nova começou a encher cedo. 37 mil pessoas lotaram a cancha bem antes do jogo e o Bahia teve que arrumar mangueiras para jogar água e refrescar a galera.

O jogo que não teve gol 1000. Por causa do Birro-Doido

Começou a peleja e quem se destacava era o goleiro Jurandir. Ele parou Pelé por duas vezes.
Mas aos 17 minutos, aconteceu a jogada que seria lembrada: Pelé tabelou com Coutinho e recebeu na marca do pênalti. Driblou o zagueiro Eliseu com o corpo, tirou o goleiro Jurandir da jogada e finalizou para o gol vazio.
O que aconteceu está na foto: Nildon, zagueiro sério, conhecido como Birro-Doido, fez a leitura perfeita da jogada e bloqueou o chute do Rei, em cima da linha.

Birro-Doido salva o gol 1000 de Pelé
Fonte: Flog do Bahia

A torcida da Bahia comemorou como um gol, mas há relatos de que houve vaias para o zagueiro, partindo de torcedores de outros times, imprensa e outros que gostariam de contar a história de que estavam presentes no dia do gol 1000.

Que realmente não aconteceu naquele dia. O calor incessante tornou o jogo pouco movimentado. Aos 39 da etapa final, Baiaco fez 1-0 para os baianos, e Jair Bala empatou para o Santos no fim.
Nildon Birro-Doido ganhou fama pela sua seriedade e ética. Aposentou-se cedo, ainda com 29 anos, e faleceu em 2008, sempre lembrado pelo lance que protagonizou.

Time do Bahia daquele ano, com Nildon Birro-Doido em destaque
Fonte: Blog “O Bahêa na História”