UM MATADOR NATO

Quando falamos em anos 90 no futebol, alguns jogadores vêm rapidamente em nossas lembranças.
Batistuta, ou Batigol, foi um verdadeiro noventista. É impossível citar a década sem falar desse craque argentino.

INÍCIO NO FUTEBOL

Nem todo sabem, mas o Gabriel foi descoberto por Marcelo Bielsa na base do Newell’s Old Boys na década de 80. Apesar disso, Batistuta nunca sonhou em ser jogador, até porque, quando criança, não era seu passatempo preferido. Ele andava a cavalo e fazia acrobacias, principalmente em parques no bairro onde morava. Ainda criança, ele era fascinado por ciências e dizia que gostaria de estudar medicina. Mas, algo mudaria seu interesse quando entrara na adolescência.

Em 1978, a seleção argentina conquistou a Copa do Mundo, comandada por Mario Kempes e outros craques. Dalí em diante, Gabriel se apaixonou pelo futebol e ingressou na categoria de base do Newell’s. Ele iniciou sua carreira como profissional em 1988.

Foto da infância de Gabriel Batistuta- O mestre acrobata.

Gabriel na infância de pé em um cavalo. Fonte: lifebooger

BATISTUTA COMO PROFISSIONAL

Logo no primeiro ano, atuando pelo seu clube formador e depois de 11 gols em 29 partidas, o jovem de 19 anos despertou o interesse em gigantes argentinos e, na temporada seguinte, o River Plate ganhou a disputa e contratou a promessa.
O atacante participou do título nacional de 1990, mas apesar disso, seu estilo dentro de campo não agradou Daniel Passarella, técnico do River na época e seu desafeto durante toda carreira.

File:Batistuta newells.jpg - Wikimedia Commons

Batistuta newells.jpg – Wikimedia Commons

Sem o suporte do técnico e, consequentemente, sem espaço entre os titulares, o jovem pegou o caminho da periferia de Buenos Aires e, pelo Boca Juniors, Bati elevou seu nível futebolístico.

Marcou 19 gols no mesmo ano que foi comprado e era um dos melhores atacantes argentinos, ninguém tinha dúvidas, a convocação para a seleção era certa.
Na primeira Copa América, em 1991 e aos 21 anos, ele foi artilheiro com 6 gols e deixou o dele na final contra o Brasil!

Apesar da pouca idade, Bati demonstrava um faro de gol impecável e a camisa azul-celeste parecia não pesar sob os ombros do garoto. A Argentina tinha ficado pequena e a Europa era seu destino.

50 anos de Gabriel Batistuta - Atuando no futebol argentino ~ O Curioso do Futebol

Batistuta comemorando um gol pelo Boca Juniros

DESTINO: VELHO CONTINENTE

Foi na Itália, precisamente em Florença, que o matador argentino construiria uma história de amor.
Em nove temporadas dedicadas à Fiorentina (1991 a 2000), “El Angél Gabriel” viveu de tudo!
Na primeira temporada (91/92), anotou 14 gols em 30 jogos e boas expectativas a respeito do time foram criadas. Mas, no ano seguinte, os 16 tentos no campeonato não impediram a queda da Viola (apelido do time). Um acontecimento que abalou as estruturas do argentino.

Batistuta foi às lágrimas com o rebaixamento junto com todos os torcedores do estádio Artemio Franchi. Ele prometeu reerguer o clube e voltar a primeira divisão com a equipe. Foi nesse momento que um forte laço e um vínculo eterno se formou com o clube e seus torcedores.

Em 93/94 o elenco se encontrou! Artilheiro novamente, ele foi o pilar da conquista da série B.
Além do acesso à elite, Batigol teve uma atitude espantosa e pouco comum de acontecer no meio do futenol: recusou ofertas do Manchester United, Real Madrid e Milan. Ele era devoto do time de Florença e isso despertou a idolatria imediata dos torcedores.

Batistuta comemorando um gol pela Fiorentina

PONTO ALTO EM FLORENÇA.

O auge aconteceu na temporada 95/96, quando Batistuta foi protagonista e, PASMEM, novamente artilheiro do time. Mas, dessa vez vieram troféus, e dois na mesma temporada: Copa da Itália e Supercopa da Itália.

Com as conquistas, ele se tornou ídolo máximo em Florença.

Apesar dos triunfos e de muitos gols, os anos seguintes foram decepcionantes e o clube não conquistou nenhum troféu.
Em 98, por exemplo, fazendo dupla com Edmundo, o time chegou a liderar o campeonato italiano e demonstrou grande poderio ofensivo, mas não teve fôlego para se manter no topo até o fim.

Durante sua passagem pela Viola, ele se tornou o segundo maior artilheiro da história do clube italiano, com 152 gols na Serie A e 207 no total. Até hoje detém o recorde por ser o jogador que marcou gols em mais rodadas consecutivas, foram 11 seguidas.
Infelizmente, o time não tinha poder financeiro e estrutural para competir com os gigantes e Bati almejava o scudetto!

Em 1998, dupla formada por Batistuta e Edmundo deu show e a Fiorentina goleou o Napoli - ESPN

Batistuta e Edmundo atuando pela Fiorentina. Fonte: ESPN

 

 

RUMO A CIDADE ETERNA

Mesmo tendo entregado seu coração à Viola, em 2000 se transferiu para a Roma, que era um verdadeiro esquadrão. Ao lado de Cafu, Samuel, Zanetti, Totti e comandados por Fábio Capello, conquistou o tão sonhado scudetto e mais uma vez a Copa da Itália.

Ao final de dois anos defendendo a camisa da Roma, ele foi emprestado a Inter de Milão, que também trouxe seu conterrâneo Hernán Crespo. A ideia do clube nerazzurri era substituir nada mais nada menos que Ronaldo Fenômeno.

Não deu certo!

Gabriel Batistuta, o Batigol - Que fim levou? - Terceiro Tempo

Batistuta na foto que ficou famosa como “Rei Leão”. Fonte: UOL

FINAL DA CARREIRA

Na mesma temporada (2003), ele atendeu a um pedido de seu pai, o Senhor Osmar Omar Batistuta, e saiu da Inter. Seu pai, que tem origem islâmica e árabe, foi o responsável pela entrada do filho no Al-Arabi Doha, do Qatar, e por lá encerrou sua carreira.

Mesmo sendo alto, era muito ágil e chutava bem com as duas pernas. Somado à raça em campo, marca registrada da maioria dos argentinos, ele era um atacante formidável.
Em sua carreira marcou 356 gols.
Após se aposentar, Batistuta relembrou seus tempos de Fiorentina e explicou seu “não” aos grandes clubes europeus: “Real Madrid, Manchester United, Milan, todos os clubes me queriam, mas eu preferi a tranquilidade de Florença. Eu e minha esposa estávamos bem, em um ambiente que eu já conhecia. Se fosse ao Real Madrid, ganharia tudo, porque não havia outra equipe tão forte no mundo. Faria 200 gols, mas ficaria entediado. No Milan seria a mesma coisa, não teria o desafio. Ganhei muito pouco por essas escolhas, mas se perguntar se me sinto um ganhador, digo que sim.”

Bati ainda jogou pela Internazionale e Al-Arabi em final de carreira, de 2003 a 2005

Los 26 goles de Gabriel Batistuta en Qatar | Balón Latino

Batistuta sendo apresentado no al arabi