O INÍCIO DE CANIGGIA
Claudio Caniggia nasceu em janeiro de 1967, em Henderson, uma província no centro oeste de Buenos Aires.
Desde cedo o garoto chamava atenção pelo desempenho nos esportes, mas o atletismo se destacava nas atividades realizadas pelo menino. Não à toa que anos depois ele foi apelido de “filho do vento”.
A prova em que Claudio se diferenciava era os 100 metros rasos. E, quem o viu correr enquanto criança, sabia que a paixão pelo esporte estava em suas veias.
CATEGOARIA DE BASE E COMEÇO NO FUTEBOL PROFISSIONAL
No futebol ele fez a base no River Plate e, por lá mesmo, também foi integrado ao elenco profissional em 1985, com apenas 18 anos de idade. Como a maioria dos jovens que sobem ao elenco principal, Caniggia não foi titular durante 2 anos nos Millonarios, até porque o time do River era uma seleção, mas o atacante era nome certo para entrar no segundo e armar uma bagunça na zaga adversário.
Na época, o então técnico do clube Daniel Passarella, utilizava o garoto como uma válvula de escape caso o jogo estivesse muito truncado ou precisasse dar mais velocidade pelo lado do campo. E Caniggia fazia muito bem esse papel, mais que velocidade, ele dava muito dor de cabeça para os marcadores.
Por ser um peça-chave no poderoso River do final da década de 80, o treinador da seleção argentina Carlos Billardo convocou o menino para se juntar ao elenco na Copa América de 87, demonstrando confiar no potencial do atacante, que no campeonato tinha apenas 20 anos. Da competição sul-americana até metade de 1988 Cani gastou a bola em território Hermano e chamou a atenção do mercado europeu.
EXPERIÊNCIA NO FUTEBOL ITALIANO
E foi na Itália que ele teve sua primeira experiência no velho continente, no Hellas Verona. Pelo Gialloblú, o argentino impressionou em seu ano de estreia no difícil e competitivo futebol italiano. Apesar do clube não conquistar ou almejar títulos, Cani brilhou pelo lado do campo e demonstrou que tinha bola para jogar nos grandes! Ele precisou de apenas um ano para que a Atalante se interessasse por ele.
Vestindo as cores Nerazzurri, El Pájaro não tirou o pé do acelerador! Já adaptado ao futebol italiano e em ano de Copa do Mundo justamente na velha bota (1990), Cani continuou infernizando os defensores da competição. Sua convocação era totalmente esperada e aconteceu!
COPA DO MUNDO DE 90 E COPA AMÉRICA DE 91
Era o campeonato para ele brilhar. A Argentina chegava como favorita, era a atual campeã do mundo (1986) e tinha Maradona com a 10, apesar de não estar mais no auge. Caniggia fez uma dupla fantástica com Dieguito. A equipe albiceleste passou pela fase de grupo e, logo nas oitavas, pegou o Brasil.
E nessa partida a dupla decidiu. Com um passe de Maradona, Cani recebeu na entrada da área brasileira, driblou Taffarel e correu para o Abraço. 1-0 Argentina. Que, em seguida, eliminou a Iugoslávia nas quartas. Na semi-final enfrentaram os donos da casa e eliminaram a equipe italiana nos pênaltis. Apesar da classificação para a grande final contra a Alemanha, El hijo del viento tomou um cartão amarelo que o tirou da decisão! O resultado todos sabem: Alemanha campeã.
A redenção com a camisa da seleção viria em 1991, com o título da Copa América. Formando outra dupla letal de ataque, dessa vez com Batistuta, Cani levantou o caneco da competição sul-americana.
DE VOLTA A ATALANTA E NOVOS CAMINHOS EM ROMA
De volta ao clube que defendia, Caniggia se destacava demais e a diferença técnica para os companheiros de elenco era nítida. Foi então que um gigante se voltou para o jogador e ofereceu uma proposta.
A Roma adquiriu os direitos del Pájaro em 1992 e a expectativa era alta de vê-lo em ação por um clube com potencial de vencer títulos. Sua primeira temporada foi mediana, mas foi o segundo ano com a camisa romanista que sua carreira virou de cabeça para baixo, e no pior sentido da situação.
DOPING
Na temporada de 1993-94, Cani foi pego no exame antidoping por uso de cocaína, assim como seu amigo e compatriota Maradona. Ele foi suspenso das atividades futebolísticas por 13 meses. Apesar de ficar parado por um ano, ele foi convocado para a Copa do Mundo de 1994, mas a seleção albiceleste parou logo nas oitavas de final contra a boa Romênia.
Quando sua suspensão terminou, a Roma não queria vincular sua imagem a um atleta usuário de drogas e, então, o emprestou ao Benfica. Nos campos portugueses, El Bebé encontrou um bom futebol e parecia que ele havia se recuperado do uso da cocaína. Ao final do empréstimo, as águias não quiseram exercer seu direito de compra, tampouco o clube romanista quis permanecer com Caniggia em seu plantel, o que forçou sua volta à terra natal.
O RETORNO PARA ARGENTINA
Sabendo dessa notícia, os torcedores do River criaram expectativas de ver El Hijo del Viento vestindo de novo a camisa dos Millonarios, mas ele pegou o rumo contrário e, a pedido do amigo Maradona, assinou seu retorno para casa para defender as cores do Boca Juniors.
Pelos Xeneizes, a dupla Dieguito e Caniggia não conquistou títulos no ano de 1996, mas protagonizaram um beijo que ficou marcado na história do maior duelo argentino. Durante essa temporada, o Boca enfiou 4×1 no River em plena Bombonera, três deles de Caniggia, que beijou a boca de Maradona, o que eles chamaram de “beijo da alma”.
1997 uma tragédia familiar fez com que o atacante desanimasse do esporte, sua mãe havia se suicidado. O ocorrido abalou as estruturas de Cani, que precisou se manter firme para continuar atuando pelo Boca.
Depois desse fatídico e turbulento ano, ele conseguiu colocara cabeça no lugar e focar no futebol. Não a toa, os xeneizes contaram com as boas atuações e gols do atacante, e conquistaram o apertura de 1998 e o clausura de 1999. Pelas aparições daquele ano, a Atalante decidiu reinvestir no velho conhecido.
UMA NOVA CHANCE NA EUROPA
Cani chegou a Itália para vestir novamente a camisa Nerazzurri, mas dessa vez o cenário era diferente da primeira passagem em 1989. O clube disputava a segunda divisão do futebol italiano e o jogador tinha 33 anos. Mesmo não tendo mais o vigor físico de anos anteriores, Cani ajudou a Atalante em seu retorno à elite do futebol nacional, mas uma briga com o técnico do time o fez abandonar o clube.
Por isso, Cani decidiu seguir rumo de um futebol longe da grande mídia, na Escócia. O clube que o acolheu foi o Dundee, e pelos dark blues o filho do vento se reencontrou como atleta. Na temporada 2000/01 El Bebé ele marcou 7 gols em 21 jogos, além das assistências. E foi por isso que um dos grandes da Escócia o convidou a se juntar ao time, o Rangers.
O AUGE DE SUA CARREIRA EM CLUBES
E foi no final da carreira que Caniggia andou de mãos dadas com títulos por um clube. Já aos 35 anos, em seu primeiro ano com os Teddy Bears (2001/02), o experiente atacante foi peça fundamental para as conquistas da Copa da Escócia e Copa da liga escocesa. Mas o auge de sua passagem em terras celtas estava por vir.
Em 2002/03, os Rangers ganharam a tríplice coroa, tendo Caniggia como nome em destaque por fazer um gol na final da Copa da Escócia contra o arquirrival Celtic, selando o 2×1 e a taça. Nesse ano, além da Copa da Escócia, os Gers voltaram a vencer a Copa da liga escocesa e o Campeonato Escocês, fechando uma temporada maravilhosa para os light blues.
Mesmo com os títulos, Cani decidiu deixar a Escócia e rumar para o Qatar, que iniciava o futebol por lá e começara a pagar pequenas fortunas para jogadores renomados. E por lá ele fez bons jogos e, inclusive, conquistou a Taça do Qatar. Ao final de 2004, aos 37 anos, mesmo sem anunciar sua aposentadoria, ele simplesmente parou de jogar.
APOSENTADORIA
E para surpresa do futebol, 8 anos depois ele voltou a calçar as chuteiras para defender o Wembley, um clube da nona divisão inglesa que disputava a fase preliminar da Copa da Inglaterra. Além dele, outros aposentados se juntaram a ele, em uma jogada de marketing da cerveja Budweiser: os ingleses Graeme Le Saux, Martin Keown, Ray Parlour, David Seaman e Danny Dichio, o norte-americano Brian McBride e o boliviano Jaime Moreno. Mesmo vencendo o primeiro jogo da fase preliminar, o Wembley caiu na partida seguinte, o que marcou de vez a aposentadoria de Claudio Caniggia.