Stankovic- O sérvio Inesquecível

Como tudo começou para Stankovic

Nascido em Belgrado, na extinta Iugoslávia, em 1978, Dejan Stankovic teve referência no futebol no núcleo familiar desde cedo.
Seu pai, Borislav, era operário numa indústria de transmissores de rádio, mas também atuava como lateral-direito do OFK. Já a mãe, Dragica, trabalhava numa fábrica de relógios e jogava como meia do Sloga Zemun, um dos times femininos mais fortes da ex-Iugoslávia.

Com a influência dos pais, o filho não teria como ir por outro caminho. Foi assim que ele começou a frequentar clubes regionais. Com sete anos, atuava pelo Teleoptki, o time do bairro que vivia. Foram os desempenhos no clube amador que chamaram a atenção de um treinador da base do Estrela Vermelha e, assim, aos 14 anos, assinou com o grande clube do país.

Stankovic começou no profissional do Estrela Vermelha, onde estreou de forma precoce, aos 16 anos. Três anos depois se tornou o capitão mais jovem da história dos vermelhos e brancos.
Como jogador do Estrela Vermelha foi à Copa do Mundo de 1998 com a Iugoslávia e alternou entre a titularidade e o banco de reservas. A seleção foi eliminada nas oitavas de final, contra a Holanda, mas, nesta partida, Deki não participou. Porém, as exibições na equipe de Belgrado e a precoce presença em um Mundial atraíram a atenção de clubes Europeus.

Dejan Stankovic (Fonte: Internet)

Ida a Itália

Um dos times mais promissores da época contratou o jovem volante. A Lazio o trouxe por 10 milhões de euros no final da década de 90.
A equipe capitolina montava um grande elenco, que viria a ser um dos melhores times da história laziale.
O ano de estreia trouxe a primeira conquista internacional de Deki, a última edição da Recopa europeia. Porém, em 1998-99, também houve uma grande decepção: a perda do scudetto, na última rodada da Série A para o Milan.
A grande temporada daquela Lazio aconteceu em 1999-00. Stankovic, apelidado de Drago, disputava posição em um meio-campo que tinham apenas craques: Simeone, Almeyda, Nedved e Verón. No começo do ano a primeira taça, a Supercopa da Uefa foi conquistada, com o 1 a 0 sobre o Manchester United, que tinha Beckham, Roy Keane e Scholes no meio-campo. Depois veio a Copa da Itália, em uma campanha com apenas uma derrota. A final colocou a Inter de Milão pela frente, na ida 2×1 no Olímpico, na volta um 0x0 em Milão, e o título para a Lazio.
Aliás, além dos jogadores citados no meio campo, a equipe italiana contava com outros grandes jogadores: Nesta, Mihajlovic, Marcelo Salas, Roberto Mancini, Boksic, Sensini, Ravanelli, Lombardo, Fernando Couto e Simone Inzaghi. Um verdadeiro timaço!
Mas a verdadeira conquista ainda estava por vir; o scudetto perdido no ano anterior.
A Juventus liderava até a última rodada, mas tropeçou diante do Perugia e deu oportunidade à Lazio. Desta vez, os laziali não desperdiçaram a chance, venceram a Reggina por 3 a 0 e conquistaram o segundo campeonato de sua história, 26 anos depois do primeiro (1974).

Dejan Stankovic na Lazio

Dejan Stankovic na Lazio (Fonte: Internet)

 

Inter de Milão; a era mais vitoriosa do Sérvio

Como dito em textos anteriores por aqui, a Lazio passou por uma crise financeira violenta no início dos anos 2000 e precisou se desfazer de várias estrelas. Com Stankovic não foi diferente.
Deki estava praticamente acertado com a Juve, mas decidiu assinar com a Inter e foi defender as cores nerazzurri em 2004.

Nos dois primeiros anos de Inter, ele não foi titular absoluto, sempre alternava entre os 11 iniciais e o banco.
Mas na temporada 2006-07 ele se firmou como titular e disputou uma de suas principais temporadas pela Inter, marcou seis gols no campeonato italiano e foi o líder de assistências da equipe que anotou 80 gols e conquistou a Série A com apenas uma derrota, alcançando diversos recordes.
Foram 97 pontos, o maior número da história, além de 17 vitórias consecutivas, tiveram uma invencibilidade fora de casa (15 jogos, com 11 vitórias em sequência e 4 empates), e ainda o feito de conquistar o scudetto com cinco rodadas de antecedência, assim como o Torino em 1948-49 e a Fiorentina em 1955-56.
Em 2008, quando o técnico José Mourinho chegou ao clube, o Sérvio era um dos mais velhos do grupo, mas também um dos líderes, já com 34 anos.

O ano de mágico de Stankovic

Foi com 36 anos que o futebol o presenteou com a melhor temporada da carreira.
Na temporada 2009/10, o clube conquistou nada mais nada menos que cinco títulos! Dois deles inéditos na brilhante carreira de Deki.
O scudetto italiano, a Copa da Itália e a Supercopa da Itália. Além delas,
Stankovic foi fundamental na trajetória campeã da Champions League, principalmente pelos dois gols marcados na primeira fase da competição. Os gols contra Rubin Kazan e Dynamo Kyiv, em jogos complicadíssimos, garantiram dois pontos que colaboraram na classificação da Inter.
Na grande decisão, vencida por 2 a 0 contra o Bayern, o sérvio foi um dos reservas utilizados por José Mourinho.
Na outra conquista inédita, o Mundial de Clubes, Stankovic foi titular e marcou no primeiro jogo, contra o Seongnam. Na final, frente ao Mazembe, o sérvio veio do banco de reserva para participar do título, que teve Eto’o como protagonista.

Stankovic com o troféu da YCL.

Stankovic com o troféu da YCL. (Fonte: Internet)

Stankovic comemorando

Stankovic comemorando (Fonte: Internet)

 

Como não fosse o bastante, essa mesma temporada o colocou na história do futebol por outro feito inédito. Dessa vez na maior competição de futebol do mundo.
Até a década de 60 era normal e permitido a qualquer jogador atuar pela seleção que bem quisesse caso fosse convocado, mesmo tendo jogado por outra em anos anteriores. Podemos citar casos célebres como o argentino Luis Monti, vice-campeão mundial com a Argentina em 1930 e campeão com a Itália 4 anos depois, o lendário húngaro Férenc Puskas (Hungria em 1954 e Espanha em 1962), o brasileiro Mazzola, campeão pelo Brasil em 1958 e que atuou pela Itália em 1962, entre outros. A partir dos anos 70 a FIFA proibiu tal prática caso um atleta já tivesse atuado por uma seleção na categoria principal. As exceções se dão para os casos de dissolução ou extinção de países.
Ao entrar no gramado do estádio Loftus Versfeld, em Pretória, para enfrentar a seleção de Gana, Stankovic tornou-se o primeiro jogador da história a vestir a camisa de três seleções diferentes em Copa do Mundo.

Em 98, com quase 19 anos, ele entrou em campo pela extinta Iugoslávia na edição da França. Com o fim da nação, que se dividiu em várias outras, Deki passou a defender as cores da Sérvia e Montenegro, que participou da Copa de 2006 na Alemanha, aos 25 anos. Finalmente em 2010, o jogador atuou pela Sérvia, sua terceira seleção diferente.
Nenhum outro conseguiu tal feito antes e será muito difícil que isso venha a acontecer novamente num futuro próximo.

 Stanković jogou 3 Copas por 3 seleções diferentes!

Stanković jogou 3 Copas por 3 seleções diferentes!

 

Aposentadoria

Nos dois últimos anos da carreira, Stankovic pouco jogou, por causa de uma grave e recorrente lesão no tendão de Aquiles, que o fez entrar em campo apenas três vezes entre 2012 e 2013.
Assim, Stankovic encerrou a carreira como um dos estrangeiros mais vencedores do futebol italiano. Em sua passagem pela Itália, ele conquistou 25 títulos.
Na despedida da Inter e do futebol, o sérvio, que vestiu a camisa nerazzurra em 326 oportunidades, foi ovacionado pelos torcedores que compareceram ao estádio Giuseppe Meazza e chorou muito. O ex-jogador ainda declarou amor à Inter, ao futebol e escreveu uma carta!

“Não sei se encontrarei palavras justas para agradecer o que me deram, a começar pelo carinho, pela confiança e pela sinceridade. Foram os dez anos mais importantes da minha vida. Anos nos quais cresci primeiro como homem e depois, com meu grande prazer, como jogador.
A sensação de que eu não mais vestirei a camisa da Inter me deixa com os olhos marejados, mas eu sempre fui franco e essas lágrimas são reais. Infelizmente, na vida há um momento em que você tem que olhar adiante e seguir em frente. Foi uma honra vestir essas cores e elas estarão para sempre em minha pele. Eu nunca as retirarei e ninguém poderá as retirar”.

 

Títulos de Stankovic

Um Campeonato Iugoslavo (1994-95)
Três Copa da Iugoslávia (1994-95, 1995-96 e 1996-97)
Seis Serie A (1999-00, 2005-06, 2006-07, 2007-08, 2008-09 e 2009-10)
Cinco Copas da Itália (1999-00, 2004-05, 2005-06, 2009-10 e 2010-11)
Seis Supercopas Italianas (1998, 2000, 2005, 2006, 2008 e 2010)
Uma Recopa (1998-99)
Uma Supercopa da Uefa (1999)
Uma Champions League(2009-10)
Um Mundial de Clubes (2010)

O Adeus de Stankovic

O Adeus de Stankovic (Fonte: Internet)