COMO TUDO COMEÇOU E O SONHO DE INFÂNCIA

Gennaro Ivan Gattuso, nascido em Corigliano Calabro, no dia 9 de janeiro de 1978. Mais um de nossos textos dos Inesquecíveis

Ao contrário de seu pai (Franco), que jogou na série D do campeonato italiano, o pequeno Gennaro tinha um sonho muito diferente quando se tornasse adulto: ele queria ser pescador!

É isso mesmo, o jogador “Bad Boy”, mal encarado, explosivo e intempestivo queria ser pescador.
Em 2010, vários amigos de Gattuso se reuniram em Milão para celebrar a sua conquista. Beckham e Ronaldinho, por exemplo, participaram da inauguração do empreendimento do ex-meio-campista, que ainda seguia na ativa na época. O italiano inaugurou uma peixaria, a “Gattuso e Bianchi”, junto com um amigo cozinheiro. Assim, cumpria os seus planos de criança.

“Algumas pessoas podem rir, mas isso é um sonho se tornando realidade para mim. Meu sonho de infância sempre foi o de ser pescador, mas os eventos da vida acabaram me levando a outras direções. Eu, felizmente, acabei me tornando jogador de futebol. Mas os peixes… Eu amo peixe fresco. Adoro vê-los, tocá-los e, lógico, comê-los. É uma paixão que eu tenho desde a infância e é por isso que quis iniciar esta aventura com meu amigo Bianchi”.

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Gattuso no Perugia. Fonte: internet.

Apesar do sonho de criança, o sangue pulsava futebol e aos 12 anos, iniciou sua trajetória nas famosas peneiras.
Foi reprovado em uma do Bologna, mas logo foi aceito no Perugia, clube pelo qual realizou todas as etapas das categorias de base e se tornou um líder dos juvenis, além de ser peça importante dos dois únicos scudetti sub-20 da história perugina, conquistados em 1996 e 1997.

PERUGIA

Eleito melhor jogador do Campeonato Primavera 1996-97, Gattuso foi integrado ao elenco principal ainda aos 17 anos, na Série B, e alguns meses depois estava na primeira divisão com o mesmo clube. Oito jogos depois, enquanto atuava na elite l, o volante, que integrava a seleção sub-18 da Itália, acertou sua transferência ao Rangers, da Escócia. A diretoria do time italiano propôs um novo contrato a Gattuso, mas ele estava determinado a sair, até fugiu do centro de treinamentos do clube, quando seu vínculo estava acabando, para mostrar que queria jogar no exterior. Ainda assim, Ringhio (significa “rosnado” em italiano) ficou dois meses sem jogar em Glasgow, pois a Federação Italiana de Futebol demorou a homologar os documentos da tratativa, pela situação delicada que se formou.
Gennaro foi um pedido do técnico Walter Smith (Rangers) e por lá acabou por fazer seu primeiro gol como profissional. Ele se adptou muito rápido ao futebol escocês (duro e físico), ia de encontro com as suas características como atleta. A torcida enlouquecia com sua dedicação e o apelidou como Braveheart (“Coração valente”). Apesar disso, o italiano não teve vida longa na Escócia.

Alguns fatores foram determinantes para a saída do volante do clube escocês: ele era muito católico e o clube de origem protestante e também a chegada de Dick Advocaat no comando técnico, em 1998, fez com que pouco mais de um ano após ser contratado, Rino retornasse ao país natal para jogar na Salernitana.

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Gattuso no Perugia. Fonte: internet.

RUMO A MILÃO

Apesar de ter feito boa temporada com o clube italiano, o time foi rebaixado para a série B.
Aos 21 anos demonstrou muito potencial e ia jogar no segundo escalão da Itália. O Milan não deixou passar a oportunidade, e, vencendo a concorrência da Roma, foi atrás de Gattuso. Os rossoneri pagaram 12 milhões de euros e fecharam com o atleta para a temporada 1999-00. Rino começou bem, mas não sabia que sua consagração viria mesmo com a chegada do estimado Carlo Ancelotti, em 2001.

Rino estreou em uma partida de Champions League contra o Chelsea, mas foi após se destacar num dérbi contra a Inter, encarando de frente ninguém menos que o brasileiro Ronaldo, que ganhou de vez o coração dos torcedores milanistas. Demonstrando incrível maturidade, assumiu a titularidade e rapidamente se tornou ídolo da equipe.
Embora limitado tecnicamente, Gattuso conseguiu seu espaço no Milan mostrando determinação, correndo e dando carrinhos, além de cobrar o máximo de empenho de seus companheiros. Com a saída de Fatih Terim e a chegada de Carlo Ancelotti no comando técnico do clube, em 2001, ganhou ainda mais espaço, se tornando o jogador com mais presenças na temporada 2001-02 e uma peça fundamental para a conquista da Champions League da temporada seguinte, a qual foi eternizada na pele do “Gladiador”.

Sob comando de Ancelotti ele assumiu inúmeras responsabilidades do meio-campo milanista e marcou seu nome na história da equipe. Sempre presente, foi um verdadeiro cão-de-guarda para Rui Costa, Shevchenko, Kaká e tantos outros atletas vitoriosos que passaram por Milanello na última decada – alguns dos quais ainda remanescentes, como Pirlo e Seedorf. Teve importância inquestionável no Scudetto de 2004 e nas duas Ligas dos Campeões conquistadas pelo Milan, em 2003 e 2007, além do Mundial de clubes de 07, uma Coppa Italia e as Supercopas Uefa e Italiana.
Mais do que uma referência, Gattuso tornou-se um símbolo de determinação em campo e motor de uma equipe poderosíssima. Passou a também ser presença constante na seleção italiana, participando das Copas do Mundo de 2002 e 2006. Titular na segunda vez que disputou a competição, foi um pilar do meio-campo tetracampeão mundial de Marcello Lippi. Na decisão contra a França, coube ao camisa 8 a marcação sobre o craque Zinédine Zidane.

“Já não era a primeira vez que o marcava e aquilo dava-me sempre insônia na véspera. Rezava para que ele não se lembrasse de fazer magia”, disse certa vez. Apesar das dificuldades contra Zizou, que fez ótima partida, foi Rino quem levou a melhor.

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Gattuso jogando com a camisa do Milan. Fonte: internet.

Mas, se gênio era forte e ia além das quatro linhas. Quem não se lembra do italiano pegando Joe Jordan, ex-jogador do Milan e auxiliar técnico do Tottenham na época, pelo pescoço? Ele defendia os seus quando necessário.

Ainda como jogador milanista, Gattuso teve seu nome envolvido em investigações de possíveis manipulação de resultado durante a temporada 2010-11. O procurador do caso ainda afirma que ele e Cristian Brocchi poderiam ser acusados de conspiração criminosa e fraude desportiva porque foram associados ao processo por serem ouvidos em escutas. Como não poderia deixar de ser, ele em nenhum momento “tirou o pé da dividida” e falou:

“Se provarem que manipulei jogos, me mato em praça pública”.

Na mesma temporada, conquistou mais uma Serie A, o penúltimo título da carreira – o último seria a Supercopa Italiana.

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Gattuso segurando Joe Jordan pelo pescoço. Fonte: internet

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Gattuso segurando Joe Jordan pelo pescoço. Fonte: internet

DESPEDIDA

Este é Gattuso, ídolo rossonero, com 13 anos de equipe e 468 jogos. O volante, que chegou a ostentar a faixa de capitão em algumas oportunidades, encerrou sua passagem no Milan em 2012. Na ocasião, chorou: algo aparentemente atípico para um jogador como ele, tão duro em campo, mas uma manteiga ao ser submetido à ovação da torcida que o idolatrou. O jogador via que não teria mais espaço e, depois de 13 anos, foi vestir outra camisa, a do Sion, da Suíça. No clube, se viu em um novo desafio, quando foi convidado a ser treinador interino e jogador ao mesmo tempo. Foram 12 jogos acumulando as funções até que Rino decidisse pendurar as chuteiras de vez.

 

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Gattuso jogando com a camisa do Milan. Fonte: internet.