Já ouviram falar de um jogador continuar em campo mesmo machucado? Sim, né…às vezes com o time sem substituições, o cara fica em campo para a equipe não ficar com 10. Mas um jogador ficar em campo machucado para dar oportunidade a um companheiro de ser aplaudido? Isso só Juan Román Riquelme.
Vem comigo que eu te conto nas “Histórias Pouco Contadas” de hoje.
Contexto: Uma amizade entre mentor e discípulo no Boca
O ano é 2010. Nico Gaitán era ainda um jovem jogador vindo da famosa base do Boca Juniors. Ele havia subido para o profissional em 2008, com 20 anos, e vinha se destacando como titular dos xeneizes nas duas temporadas que jogou.
Na equipe titular do Boca, foi recebido como um discípulo por Juan Román Riquelme, o grande craque do Boca na época. Riquelme estava, na época, já com 32 anos, começando a conhecer a decadência física e técnica depois de desfilar nos títulos da Libertadores de 2007 e do Argentino de 2008. O ídolo achava que Gaitán poderia ser seu sucessor como o 10 do Boca, e os dois construíram uma amizade, como conta o próprio Riquelme aqui.
O sonho da Europa leva Gaitán
Mas, em 3 de maio de 2010, o Benfica anuncia a compra de Gaitán, em um negócio irrecusável para o Boca. Como todo jovem de sua geração, o garoto tinha o sonho de jogar na Europa e ganhou essa oportunidade.
Nico solicitou então ao treinador, na época Claudio Borghi, que o substituísse em seu último jogo com a camisa do Boca, que seria na Bombonera contra o Huracán, para que ele pudesse se despedir dos torcedores.
A diretoria do Boca não queria deixar, pois havia a possibilidade do garoto se lesionar, o que poderia melar o negócio. Mas Gaitán foi insistente, não queria sair sem se despedir de La Bombonera. O treinador concordou e disse que o substituiria aos 15 minutos do segundo tempo.
O imprevisto e a grandeza do capitão
Mas algo inesperado aconteceu durante o jogo. Com muita chuva, já no primeiro tempo dois jogadores do Boca se machucaram e precisaram ser substituídos. O Boca ficou apenas com uma substituição restante (que seria a de Gaitán).
No início do segundo tempo, Riquelme foi dominar uma bola e sentiu o joelho. O treinador preparou a substituição, mas Riquelme interveio e disse para o treinador não o tirar, pois Gaitán precisava ser homenageado.
Disse o capitão do Boca: “Gaitán só está jogando para que a torcida o aplauda. Não me tire. Eu termino morto esta partida, mas Gaitán ganha sua despedida”.
O técnico insistiu, mas acabou por respeitar seu capitão. Riquelme ficou em campo com dores no joelho. Gaitán foi substituído e ganhou sua homenagem, com La Bombonera o aplaudindo em pé.
Por conta dessa lesão, Riquelme ficou três meses sem jogar em 2010. E nesses meses tomou uma outra atitude de grandeza: recusou o salário do Boca enquanto não voltasse a jogar.
Um verdadeiro capitão, um verdadeiro ídolo!
Fonte da história: o próprio Riquelme a conta, neste vídeo.