OS PRIMEIROS PASSOS DO FUTEBOL FEMININO

As primeiras citações sobre futebol e mulher foram na década de 20 do século passado. Mas, essa relação não era estritamente em um campo. Acredite você ou não, mas o circo traz algumas das primeiras insinuações das palavras “futebol feminino”, ou seja, era visto como um show, uma exibição e não uma partida.

Até 1940 o futebol feminino continuou muito distante dos campeonatos organizados, federações, regras etc. As partidas aconteciam em periferias e mostram registros em jornais da época apenas em três estados: São Paulo, Rio de Janeiro e Rio Grande do Norte.

Aliás, em 1940 aconteceu um jogo entre mulheres no Pacaembu. Uma ação que tinha o objetivo de incentivar a prática produziu uma revolta enorme em parte da sociedade. As notícias sobre mulheres jogando futebol foi vista como algo fora do padrão, afinal de contas a modalidade era considerada violenta e ideal apenas para homens.

Foto: Reprodução/Acervo/Museu do Futebol

A PROIBIÇÃO DO FUTEBOL FEMININO NO GOVERNO GETÚLIO VARGAS

Um ano após o jogo das mulheres no Pacaembu, as autoridades se movimentaram e criaram um decreto-lei, de 14 de abril de 1941, que dizia:

“Às mulheres não se permitirá a prática de desportos incompatíveis com as condições de sua natureza, devendo, para este efeito, o Conselho Nacional de Desportos baixar as necessárias instruções às entidades desportivas do país”.

O decreto proibia não só o futebol, mas todos os esportes considerados não femininos ou da natureza da mulher. Na ditadura militar a proibição se intensificou e foi detalhada, já que notícias de futebol feminino clandestino corriam soltos pela imprensa. O decreto foi vigente por quase 40 anos, até que no final da década de 70 surge uma luz no fim do túnel.

ARQUIVO PÚBLICO/MUSEU DO FUTEBOL – Divulgação

O FIM DA PROIBIÇÃO

Em 1979 o decreto cai, o que não significa que mulheres jogando futebol eram bem vista na sociedade, afinal de contas, durante 38 anos, elas não podiam jogar bola porque os homens decidiram. A situação pouco muda o cenário, o futebol feminino não recebe patrocínio ou qualquer tipo de incentivo por parte de clubes ou federações.

As mulheres só vão, de fato, receber a liberdade de jogar e se organizar quando criam uma regulamentação em 1983. Com isso, foi permitido que elas pudessem criar calendários de campeonatos, competir, usar campos oficiais e ensinar as meninas nas escolas que elas podiam sim jogar futebol.

Clubes como o Saad e Radar, nascem como pioneiros nesse meio, eram times competitivos da época. Foram anos e anos que, culturalmente, enraizaram na cabeça da população sobre o futebol ser esporte apenas para homens e não para mulheres.

Foto: Reprodução/Sidney Corrallo/Estadão

A PRIMEIRA SELEÇÃO FEMININA

A nossa seleção feminina surgiu em 1988, quando a seleção masculina já era tricampeã do mundo, começamos a exportar com mais frequência nossos craques para o futebol europeu e já tínhamos nomes consagrados no esporte; Leônidas, Heleno, Pelé, Garrincha, Tostão, Jairzinho, Clodoaldo, Sócrates, Zico, Gérson, Falcão, Nilton Santos, Didi, Júnior, Carlos Alberto, Zito, Rivelino, Djalma Santos e por aí vai…

No mesmo ano também aconteceu um torneio experimental na China e as meninas representaram o Brasil pela primeira vez.

Antes da Marta elevar o patamar do futebol feminino no Brasil, outras pioneiras vieram abrindo caminho: Pretinha, Formiga, Meg, Marisa, Fanta, Suzy e Sissi (craque da seleção nacional).

A história do futebol brasileiro em relação as mulheres é muito mais do que lembrar de vitórias, derrotas, gols, campeonatos, lances ou suas personagens.

É sobre resistência, muitas lutas e barreiras quebradas.

É falar e relembrar sobre períodos de proibição, preconceito e descaso.

Um viva a essas guerreiras!

Primeira seleção feminina do brasil; Acervo do Futebol