Algumas décadas atrás, o gigante Bayern de Munique era visto como resistência em uma Alemanha nazista.
O clube fundado no subúrbio de Schwabing, em Munique, local com passado judeu, possui uma história magnífica de luta contra o nazismo.
Kurt Landauer foi um dos principais presidentes do clube em sua história. Um Judeu com 4 mandatos a frente dos bávaros que bateu de frente com a ascensão nazista e contratou outros judeus para a diretoria do time.
Kurt Landauer – Foto Spigel.de / Andreas Meyhoff
O presidente, apenas por ser judeu, fez com que o Bayern fosse chamado de “judenklub” pelos nazistas, um termo depreciativo e anti-semita utilizado por esses extremistas na Alemanha e na Áustria, aplicado a clubes de futebol com forte herança e conexões judaicas.
A perseguição com o clube iniciou nesse momento.
Em 1932, após a conquista do primeiro título nacional, Landauer foi obrigado a deixar a presidência do Bayern e ainda foi preso pelo regime nazista 6 anos depois.
Não bastasse a prisão, o ex-mandatário foi levado a um campo de concentração chamado Dachau e três irmãos dele foram assassinados.
Antes da II Guerra Mundial, jogadores e diretoria do Bayern demonstravam seu posicionamento contra Adolf Hitler, com destaque para Conny Heidkamp, zagueiro e capitão da equipe.
Eles se recusaram a entregar seus troféus e medalhas para o governo, que derretiam os metais para ter dinheiro e se armarem perante a guerra.
Obviamente, o Partido Nazista não aceitaria ser desafiado pelo Bayern. Então, os bávaros viram-se obrigados a voltar ao amadorismo com o banimento do esporte e viram o governo financiar o grande rival local do clube: o TSV 1860, também da cidade de Munique.
Foto: FC Bayern München vs TSV 1860 München
Mas o Bayern se reestruturou e, a partir da segunda metade dos anos 60, formou uma geração de ouro que devolveu o orgulho esportivo ao clube.
Atualmente, o nome de Landauer é celebrado pelos ultras do Bayern, inclusive pelo CEO da equipe Karl-Heinz Rummenigge.
Aliás, ele é conhecido como o maior dirigente da história bávara.
A praça em que a Allianz Arena foi construída leva seu nome, além de uma estátua para eternizar esse grande homem!
