Beitar Jerusalém – O tema da seção “Clubes e Política” de hoje é o Beitar, clube mais popular e mais rico de Israel. O clube tem como sede a cidade de Jerusalém e talvez seja, hoje, o maior representante de ideias de extrema-direita no futebol.
Origens do Beitar
Originariamente ligado ao sionismo revisionista, que reivindica Israel como Estado apenas de judeus, o Beitar se vinculou também, historicamente, ao Likud, partido mais conservador e à direita na política israelense.
De fato, o clube sempre trouxe a rivalidade e as ideias contrárias ao Hapoel, clube da mesma cidade que é oficialmente socialista. Extremamente conservador e nacionalista, o Beitar nunca havia contado, até pouco tempo atrás, com jogadores árabes ou muçulmanos, tendo até hoje grande resistência a isso por parte de sua principal torcida.
Essa torcida, aliás, os ultras do Beitar, carregam o nome de “La Familia” e fazem questão de não esconder seus ideais racistas. Dizem, orgulhosamente, fazer parte da “torcida mais racista do mundo” e cantam, em seu estádio, músicas nacionalistas e contra a Palestina.
Beitar Trump Jerusalém
Em fevereiro de 2013, o clube anunciou a contratação de dois jogadores chechenos, de origem muçulmana. A torcida se revoltou e colocou fogo em instalações do clube, inclusive na sala de troféus. Tudo isso aconteceu em meio a gritos de “morte aos árabes” e “Beitar puro para sempre”. Ainda assim os jogadores seguiram no clube e quando um deles, Zaur Sadayev, fez seu primeiro gol pelo clube, a torcida vaiou e deixou o estádio.
Para finalizar, a última ação política do clube, que deixa claro seu radicalismo: em 2018, a diretoria e conselho do clube mudaram o NOME da agremiação para Beitar Trump Jerusalém. Parece brincadeira, mas é verdade, e mostra a profundidade da relação do clube com a política, desde as bandeiras de Trump nos EUA, como também com o atual primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu.