DE ONDE VEIO MAURO
Mauro Germán Camoranesi Serra, um menino nascido em outubro de 1976, na pequena cidade de Tandil, província de Buenos Aires. É filho de argentinos e neto de italianos. Não à toa, desde cedo definiu sua cidadania e defendeu as cores da Azurra ao longo de toda sua carreira.
INÍCIO NA ARGENTINA
Os primeiros passos de Camoranesi no futebol foram no pequenino Aldosivi, clube argentino, com sede na cidade de Mar del Plata. Por lá, fez sua estreia em 1994, aos 18 anos de idade, mesmo ano que protagonizou a cena mais violenta de sua história. Em agosto daquela temporada, ele fez uma falta dura em Roberto Javier Pizzo, do Alvorada, causando a ruptura do menisco e do tendão de seu joelho esquerdo, fazendo com que Javier encerrasse a carreira muito cedo. Por perder quase 40% da mobilidade do joelho, Pizzo foi à justiça querendo receber uma indenização de Camoranesi. Anos depois, em 2012, Mauro foi punido e condenado a pagar uma multa de 50 mil euros.
O meia seguiu no Aldosivi até meados de 1996, quando aceitou a proposta do Santos Laguna (1996-97), mas logo em seguida tomou rumo para o Wanderers (1997). Com fama de violento, o ítalo-argentino continuou envolvido em polêmicas. Atuando no Uruguai, pegou dez partidas de suspensão após agredir um árbitro. Com isso, acabou deixando Montevidéu e voltou para a Argentina. Voltou ao país natal para jogar pelo Banfield na temporada de 1997-98. Mas, foi no México, pelo Cruz Azul, entre 1998 e 2000 que ele se destacou por ser um volante com vocação ofensiva, ótimo controle de bola e um alto número de gols.
As boas atuações pela equipe mexicana, apesar de não conquistar títulos, renderam uma transferência ao futebol italiano, sendo contratado pelo Hellas Verona.
PRIMEIRA EXPERIÊNCIA NA ITÁLIA
No velho continente, o meia viveu grande fase profissional, apesar do clube brigar para se manter na elite do campeonato nacional. Ele estreou em outubro de 2000 e jogou em 22 partidas naquela temporada, anotando quatro gols. Na temporada seguinte, Camaronesi manteve o ótimo nível de atuação, destoando novamente do nível técnico de seus companheiros. O ano terminou da pior maneira possível, com o rebaixamento dos gialloblù.
Suas aparições foram boas demais e não passaram em branco. Em seu primor físico, com a cabeça no lugar, focando apenas em jogar bola, a velha senhora o convidou a se juntar a um elenco espetacular, com uma proposta de 50% de seu passe por 4 milhões de euros. Convite que foi aceito instantaneamente.
HISTÓRIA NA JUVENTUS
Logo de cara, o volante conquistou seu espaço no time da Juve. Se ele sempre demonstrara vontade e garra nas outras equipes, em um dos gigantes italianos ele intensificou. Camoranesi é sinônimo de polivalência e raça! Em sua primeira temporada ele venceu o scudetto e o clube de Turim exerceu o direito de compra dos outros 50% por 4.5 milhões de euros.
Em 2002 e em 2003, conquistou duas taças de supercopa e o deslumbre de um supertime na Itália se instaurou, junto do rival Milan, que derrotou os Bianconeros na final da Champions de 2003. Não era para menos, além do meia ítalo-argentino, o clube contava com Buffon, Thuram, Zambrota, Davids, Nedved, Del Piero, Trezeguet e Marcelo Salas. Era uma verdadeira seleção.
CONVOCADO PARA AZZURRA
Também foi esse ano que a primeira convocação para a nazionale aconteceu, fato marcante em sua trajetória. Ele foi o 45º estrangeiro, ou “oriundi”, como são chamados os descendentes de italianos que entram em campo pela Azzurra.
Pela Itália, ele jogou a Euro de 2004 e, dois anos mais tarde, no Mundial da Alemanha, contou com a confiança de Marcello Lippi, treinador da Vecchia Signora entre 2002 e 2004, que já conhecia seu futebol e, sendo titular do elenco, ajudou a Itália a ser tetracampeã da Copa do Mundo. O título abafou os burburinhos da torcida italiana, que não aceitava muito bem os oriundi, ainda mais Camoranesi, que não cantava o hino nacional por sempre se considerar argentino, apesar da seleção hermana nunca ter demonstrado interesse pelo seu futebol.
ESCÂNDALO DA SERIE A
De volta a Turim, o volante ergueu mais dois troféus da Série A: em 2005 e 2006. Como é de conhecimento de todos, esses títulos foram retirados do clube e a Juventus foi sentenciada à segunda divisão por causa do envolvimento no Calciopoli, o escândalo que envolveu alguns dos principais clubes italianos em um plano de manipulação de resultados na temporada 2004-05.
Com o time na segunda divisão, Mauro pediu à diretoria que fosse negociado, o que não ocorreu e, junto da queda de rendimento da Juve, seu futebol também despencou. Além de cair de produção, uma série de lesões o tiraram de ação. Entre 2007 e 2010 o futebol costumeiro que Camoranesi apresentara anos antes já não se via. Em 2010, na Copa da África do Sul, a Azzurra nem da fase de grupos passou e, em paralelo a queda na competição, veio o adeus o clube bianconero. O destino era a Alemanha, no Stuttgart.
APOSENTADORIA
A passagem foi somente de um ano pelo clube alemão e Camoranesi regressou às origens, já visando o fim de sua carreira. NA Argentina ele jogou por Lanús entre 2011 e 2012 e no Racing entre 2012e 2014, até pendurar as chuteiras aos 37 anos.
Atualmente Mauro Camoranesi está estudando para ser técnico e tirou, recentemente, a licença B da UEFA.
Números:
Serie A (2003), Serie B (2007), Supercopa Italiana (2002 e 2003) e Copa do Mundo (2006)