“Sem problemas nos joelhos, teria sido um dos maiores” – Carlo Mazzone, técnico do Brescia na década de 90.

Baggio 10

Um dos maiores 10 da História Italiana.
Foto: Internet

O INÍCIO NO FUTEBOL

Baggio, que nasceu em Colatina de Vicenza, foi levado ao clube da cidade após um olheiro observá-lo quando ele tinha treze anos anos, em um jogo dos juniores do time de sua cidade natal, Caldogno.
Na infância, ele tinha admiração por vários ídolos, entre eles os brasileiros Chinesinho (ex-jogador do Palmeiras que ele viu jogar pelo Vicenza na primeira vez em que foi a um estádio) e, principalmente, Zico, sobre quem declarou que “meu primeiro técnico no Vicenza chegou até a me apelidar de Zico. Ele era uma pérola do futebol: veloz e com uma incrível noção de técnica, habilidade, além dos passes precisos em curto espaço”.
Baggio disse que chegou a assistir partidas do Flamengo na televisão para ver o Galinho. Outro clube sul-americano que o encantou foi o Boca Juniors, ao se surpreender com a torcida, que não parava de cantar mesmo com o time sendo goleado.

“il codino divino” (rabo de cavalo divino), apelido bizarro que ganhou, chegou ao Vicenza ainda na adolescência e ajudou o time a subir da série C para a série B na temporada 1984-85.
A alegria só não foi maior por conta de um jogo contra o Rimini de Arrigo Sacchi, já no fim do campeonato. Nessa partida Baggio rompeu o ligamento do joelho direito e passou mais de um ano parado. Contudo, por conta da religião, aprendeu que a culpa ou o mérito do que te acontece pertence a você mesmo, um dos principais ensinamentos budistas, crença que passou a seguir enquanto se recuperava de sua primeira grande lesão.

Roberto Baggio, 50 anos – efemérides do éfemello

Roberto Baggio – Getty Images

 

PERÍODO GOLEADOR NA FIORENTINA E JUVENTUS

A Fiorentina já o havia contratado e poderia ter rescindido o contrato, mas apostou em sua recuperação. Um ano e meio depois, Baggio estreava na Serie A. Em maio de 1987, marcou seu primeiro gol na primeira divisão, no empate em 1 a 1 com o Napoli de Maradona, que naquele dia festejava o primeiro scudetto de sua história. Logo se tornou indispensável ao clube viola, chegou à seleção italiana e foi vice-campeão da Copa da Uefa em 1990. O título foi perdido para a Juventus.

E para a própria Juventus ele foi vendido, contra a sua vontade. A mudança pouco após a dolorosa derrota revoltou Florença, com centenas de torcedores tomando as ruas em protesto, vandalizando carros, lojas e o que mais encontrassem. Os tumultos gerados deixaram mais de 250 feridos, e os dirigentes do clube tiveram de viver sob escolta por algum tempo.
No primeiro confronto contra a Viola, seu ex-clube, ele, se recusou a cobrar um pênalti, que foi desperdiçada por outro jogador e a Juve perderia a partida e ele quase seria linchado pela plateia bianconera, ainda mais por ter beijado em lágrimas um cachecol da Fiorentina, voltando finalmente a ser aplaudido pelos torcedores violetas.

Best of Roberto Baggio - Juventus TV

Roberto Baggio vestindo a camisa da Juventus – Juventus TV

Sua história em Turim ainda duraria cinco anos, os melhores do meia-atacante.
Se tornou líder e capitão do time. Em 92 foi eleito o melhor jogador do mundo e em 93 venceu a Copa da Uefa, que havia perdido três anos antes, desta vez marcando cinco gols entre semifinais (contra o Paris Saint-Germain) e final (frente ao Borussia Dortmund).
Em 1994, Baggio era titular absoluto da seleção italiana na Copa dos Estados Unidos e fez uma competição espetacular, coroada pelos dois gols na semifinal contra a Bulgária, mas manchada pelo pênalti isolado na final em que jogou no sacrifício contra o Brasil.

 

LESÕES QUE ATRAPALHARAM SUA CARREIRA

Na temporada seguinte, Baggio começou muito bem junto do time, mas lesionou outra vez o joelho direito e ficou cinco meses parado. Quando voltou, marcou gols e ajudou na conquista de um scudetto que não vinha há sete anos. Mas a temporada também marcou o surgimento de Del Piero e assim o craque acabou cedido ao Milan, para a tristeza de mais uma torcida que dava adeus a um ídolo.

Explosion' - When Derby County almost signed Roberto Baggio - Derbyshire  Live

Baggio com a camisa do Milan – Derby Telegraph

Em Milão ele já não era mais o mesmo, as lesões minaram seu brilho e bom futebol. Ele resolveu partir para o modesto Bologna, marcou 42 gols na temporada de 98, o que o fez voltar a Milão, mas dessa vez para a Internazionale. Fez dupla de ataque com Ronaldo Fenômeno.
Mas as lesões o perseguiam e ele se retirou da equipe para jogar no Brescia.
Como um último feito em sua carreira, ele levou o clube a uma inédita vaga na Copa Uefa.
No ano seguinte, na partida que marcou a sua despedida, em 16 de agosto de 2004, contra o Milan no San Siro, foi substituído a dois minutos do fim para ser aplaudido por três minutos por mais de 80.000 pessoas presentes no estádio. Após a partida, sua camisa 10 seria aposentada pelo Brescia, que não se recuperou da retirada de seu maior astro: o clube seria rebaixado à segunda divisão justamente na temporada que se seguiu após a saída do ídolo.

 

NÚMEROS DO BAGGIO

Ele marcou 318 gols na carreira.

Fez 104 gols de pênalti em 117 cobradas (errou apenas 13).
205 gols no campeonato italiano, 36 em Copa Itália, 32 gols em competições europeias e 9 gols em Copa do Mundo.

TÍTULOS

Juventus
Copa da Itália: 1994-95
Copa da UEFA: 1992-93
Campeonato Italiano: 1994-95

Milan
Campeonato Italiano: 1995-96