Vasco- A história pouco contada de hoje talvez seja “muito contada” para os vascaínos. Mas acredito ser pouco conhecida do público em geral.
Todos sabemos do posicionamento político do Vasco da Gama: um clube historicamente progressista, que se não foram os pioneiros a ter um negro no time – há versões que falam que foi o Bangu ou a Ponte Preta- não deixam dúvidas de que o Club de Regatas Vasco da Gama adotou uma atitude que contribuiu decisivamente para a inclusão de atletas negros, mulatos e demais brasileiros que não pertenciam à elite”(fonte: observatório racial – vale muito a leitura) – O clube então lutou contra o racismo que era regra na década de 1920.
Mas a contribuição do cruz-maltino na Segunda Guerra Mundial ainda é sim uma história pouco contada.
A Comissão Pró-Avião no Vasco
Estamos em 1942, no auge da Segunda Grande Guerra. O mundo tenta formar uma aliança geral contra os nazistas alemães. E o Vasco da Gama se prontifica a ajudar o Brasil a fazer sua parte.
O estádio São Januário, que tem a mística de ser o local onde Vargas assinou a CLT em 1943 e onde Luis Carlos Prestes discursou a favor da redemocratização em 1945, teve antes, ainda em 1942, sua primeira participação política: o Vasco da Gama colocou o estádio a disposição do Exército brasileiro, e lá foi montada a Escola de Instrução Militar do RJ, onde se formaram mais de 10 mil soldados. Além da formação, São Januário era o local em que os recrutas podiam se distrair jogando futebol, e serviu também como alojamento para soldados que chegavam de outros estados rumo à Europa em guerra.
Um avião? Ah, manda logo dois
As doações começaram a chegar, e ao visitar a importadora para fazer o pedido do avião, Ciro e outros dirigentes vascaínos se empolgaram e encomendaram logo dois. A confiança na ajuda da torcida era gigante. E não erraram: as doações se multiplicaram. Cada torcedor que fazia uma doação ganhava um distintivo do clube, e por um bom tempo não se via um vascaíno sem o distintivo da campanha em São Januário.
Não só deu como sobrou. O Vasco quis iniciar uma campanha de devolução do excedente, mas os torcedores negaram. O clube então construiu, com ajuda desse dinheiro, a sua Sede Náutica na Lagoa Rodrigo de Freitas.
No dia 10 de dezembro de 1942, no intervalo de um jogo entre seleções estaduais em São Januário, os aviões foram oficialmente entregues pelos dirigentes vascaínos ao Ministro da Aeronáutica do Brasil.