Já mostramos aqui, a festa da torcida do Racing durante seus jogos no famoso El Cilindro. Mas poucos sabem que o estádio chegou a ser palco de fuzilamentos durante a ditadura militar argentina.

Ontem, dia 07/12, o local foi reservado para uma cerimônia simbólica homenageando os 45 torcedores desaparecidos e assassinados do Racing, durante a ditadura militar argentina de 1976 a 1983, O clube deu a eles o status de sócio!
Esta iniciativa é fruto de um projeto que o time lançou no dia 19 de março deste ano, a partir de uma apresentação de cinco sócios, entre eles o jornalista e escritor Carlos Ulanovsky e o ator Osvaldo Santoro.

A Investigação

Na investigação realizada durante o ano no arquivo histórico do Racing, foram encontrados formulários de inscrição que permitiram a descoberta de inúmeros casos de pessoas “que foram sequestradas, desaparecidas e assassinadas durante a ditadura”, informou a equipe.

A homenagem contou com a presença de torcedores, atletas e familiares das vítimas para receber o título do clube. Inclusive, o primeiro a ter o título restituído foi justamente Alejandro, filho de Taty Almeida, uma das líderes das Mães da Praça de Maio. “Madres de la Plaza, el pueblo las abraza”, cantaram os torcedores.

Taty Almeida, uma das líderes das Mães da Praça de Maio.
“Madres de la Plaza, el pueblo las abraza”,
Reprodução: Foto: Internet(Racing Club)

Taty, atualmente com 91 anos, tem papel fundamental na luta pela memória das vítimas da ditadura, tanto que um retrato seu está exposto no museu da Casa Rosada. Emocionada, afirmou ser a 1ª vez que pisava no campo. Mas que pensava em “todas as vezes que Alejandro o fez e segue fazendo”.

Alguns casos se destacaram, como o do padre Carlos Mugica e de sua ajudante Lucía Cullen, que, entre seus trabalhos sociais, ensinavam Omar Corbatta, craque histórico do Racing e da seleção, a ler. Ele se envergonhava de ser analfabeto.

Outro caso curioso é do poeta Roberto Santoro, desaparecido em 1977. Fanático, e apelidado de “o careca” na arquibancada, onde sempre comparecia. O fanatismo era tanto que foi capaz de deixar sua lua de mel para ir a um Racing e Gimnasia no final dos anos 60.

Todos Juntos
Reprodução Internet

 

A Intenção do clube

Segundo o clube de Avellaneda, a intenção dessa homenagem não é só fazer uma defesa dos direitos humanos, da memória, verdade e justiça no futebol argentino, mas também celebrar a vida de pessoas que poderiam ter seguido frequentando o estádio e vestindo a camisa por muitos anos, talvez até hoje.

Bom dizer que o clube não foi o primeiro a fazer esse gesto de restituição de títulos de sócios a desaparecidos da ditadura na Argentina, foi o Huracan em 06 de outubro. River Plate e Boca Juniors devem fazer a mesma coisa também!

Em uma próxima contaremos os detalhes dessa ditadura que não esperou a Copa de 78 para nascer e utilizou (claro) o futebol.

Fontes de texto: speresportes.com.br e Copa Além da Copa