A seção “Clubes e Política” traz hoje como protagonista o Livorno, tradicional clube da Itália que nos últimos anos mantém uma rotina de rebaixamentos e acessos, chegando à terceira divisão em 2017. Atualmente está na Série B. O clube é bem ligado às ideias de esquerda na Itália.

História do Livorno

A cidade de Livorno foi, por muito tempo, apenas um pequeno vilarejo. Mas cresceu muito e em pouco tempo, principalmente por conta do seu porto, que se tornou um dos mais importantes da Europa.
Com isso, recebeu como cidadãos uma população de trabalhadores, com um forte movimento operário. Criada neste contexto, a Associazone Sportiva Livorno cresceu sendo esse local de encontro e de lazer dos operários e trabalhadores da cidade.
E, claro, onde tem trabalhador unido, tem discussão política. O clube, portanto, também se tornou um local de resistência, de reuniões sindicalistas e de organização da luta trabalhadora contra a exploração. A cidade de Livorno, inclusive, sediou a fundação do Partido Comunista Italiano, em 1921, liderado pelo filósofo Antonio Gramsci.
A torcida, por consequência, também ganhou essa cara. Todo jogo do Livorno é, antes de tudo, uma manifestação política de sua torcida. Cantos pela igualdade e pela justiça se juntam a bandeiras de Che Guevara, Lênin e até mesmo a foice e o martelo, símbolos do comunismo. O grená, cor do time, se junta com o vermelho e forma uma atmosfera incrivelmente “rossa”.

Uma torcida de esquerda

Em 1975, surge a Ultras Livorno, torcida formada pelo movimento popular de esquerda da cidade.

E depois da origem e crescimento de vários grupos similares, em 1999 é formada a B.A.L., Brigate Autonoma Livornese (Brigada Autônoma de Livorno), reunindo todos esses grupos de esquerda em apenas uma grande torcida, que ocupa o Setor Norte do Estádio Armando Pìcchi.

A Brigada não aceita manifestações fascistas ou ligadas à direita em sua presença. As tretas com torcidas ultras como a da Lazio são constantes. Os cânticos mais famosos são o envolvente “Bandiera Rossa” e a já famosa “Bella Ciao”, que ficou conhecida aqui pela série La Casa de Papel.

Apesar da perseguição das autoridades italianas a essas brigadas de torcidas, a Livornese continua firme. Faz parte do chamado “Triângulo da Fraternidade”, junto com torcidas do AEK Atenas e do Olympique de Marselha, que busca combater a simbologia fascista e manifestações de torcidas de extrema direita na Europa.

Isso é o Livorno, um time antes de tudo operário, que traz em seu espírito, na história e na torcida o ideal da justiça social e a busca do fim do capitalismo.